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Seguindo Juntos
"Seguindo Juntos", de Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos
01 - A Chave
Emmanuel
“Batei e abrir-se-vos-à ”
O ensinamento evangélico brilha soberano, em qualquer situação e em qualquer tempo.
Entretanto, sempre que a nossa solicitação reclame auxílio e oportunidade, é imperioso não esquecer a chave do esforço próprio.
Não bastará simplesmente pedir.
É necessário merecer.
E, em parte alguma, surge o mérito sem árduo zelo na desincumbência dos deveres que a vida nos confere.
Vejamos o livro da natureza em que o trabalho e a realização constituem mensagens de cada dia.
Sem o suor de quem semeia, a colheita não passaria de um sonho e sem os calos da mão que ara a gleba, a sementeira jamais surgiria vitoriosa.
Sem o sacrifício da árvore que entesoura as bênçãos do sol, o campo não seria mais que terra seca, e sem a preocupação do artífice que desbasta a madeira bruta, a utilidade doméstica não nos socorreria a experiência comum.
Tudo na vida é cooperação, interdependência, concessão recíproca e amparo mútuo para aqueles que a enobrecem, a fim de serem por ela própria enobrecidos.
A fonte auxilia o solo, o solo ampara a semente e a semente produz o bom grão, que, mais tarde, se transforma em sustento real da floresta de que a fonte retira a proteção e a defesa.
Não nos aventuremos a pedir, sem dar de nós mesmos.
A prece é, sem dúvida, a escada luminosa de intercâmbio entre a Terra e o Céu, mas se os homens que insistem pelo favor dos anjos não se dispuserem à colaboração com eles, na obra de regeneração e sublimação do mundo, a escada mística seria apenas um monumento erguido à viciação e à ociosidade.
“Batei e abrir-se-vos-à” repitamos com o Evangelho, mas não olvidemos, em todos os passos da peregrinação para o Cristo, a chave do serviço edificante, a única senha que nos assegurará, em espírito e verdade, o valor do merecimento justo com a resposta do Infinito Amor e da Eterna Sabedoria, em favor de nossa própria ascensão.
a b
02 - A Candeia Simbólica
Emmanuel
“Não situeis a candeia sob o velador”
Semelhante apontamento do Divino Mestre não envolve o impositivo de nossa palavrosa adesão à verdade.
Sem dúvida, o verbo criador de luz é sempre o alicerce inamovível do bem; no entanto, a candeia do ensinamento evangélico reporta-se, essencialmente, à nossa atitude.
O exemplo será em todos os climas a linguagem mais convincente.
Por nossos passos revelamos o próprio rumo.
Pelos gestos, que nos sejam próprios, estabelecemos a propaganda real de nossos objetivos.
Não olvidemos que é imprescindível erguer o facho da compreensão com Jesus, através da vida prática, arrebatando-a ao velador de nossas conveniências.
Para o orgulhoso, a candeia simbólica do Cristo é a humildade.
Para o inimigo, é a desculpa sincera.
Para o triste, é o consolo.
Para o faminto, é a fatia de pão.
Para o infeliz, é o amparo justo.
Para o colérico, é a serenidade.
Para o desertor, é a bênção da prece.
Para o mau, é a lição do bem.
Para o descrente, é a fé viva.
Para o desanimado, é a esperança.
Para o superior, é o respeito.
Para o subalterno, é a benemerência.
Para o lar, é o amor praticado.
Para a instituição a que nos ajustamos, é a correção no dever.
Para todos os que nos cercam, é a cordialidade e a gentileza, o entendimento e a boa vontade.
Não nos esqueçamos de que o Cristianismo não é simplesmente a estática da fraseologia e da adoração. É, acima de tudo, a dinâmica do trabalho para que o mundo receba por nosso intermédio a luminosa mensagem da imortalidade triunfante.
Jesus, o Mestre Inesquecível, não ocultou a candeia do próprio coração, sob o velador da grandeza celestial, mas desceu até nós e imolou-se na cruz para que lhe descobríssemos no exemplo o caminho para luminosa renovação.
a b
03 - Amor Apenas Terrestre
Jair Presente
Amor apenas terrestre
Carrega dupla feição;
Uma parece cordeiro,
Outra parece leão.
Ambas formam na pessoa
Um todo, conforme sinto;
Vejo o cordeiro no afeto
E noto o leão no instinto.
A vida une as criaturas
Nos passos do dia-a-dia;
Logo após criam-se grupos
Nos laços da simpatia.
Afinidade surgindo,
A amizade vem depois
E aparecem, comumente,
Ligações de dois a dois.
Quando o par se enxerga preso
A cativante feitiço,
O casamento é o socorro
Para proveito e serviço.
Mas quando a fera triunfa,
Largando o cordeiro ao chão,
Quem não queira compromisso,
Fuja logo do leão.
a b
04 - Na Ação de Pedir
Emmanuel
Em matéria de rogativa, lembremo-nos de que o Senhor adverte:
- Buscai e achareis.
E acrescenta em outra passagem:
- Batei e abrir-se-vos-á.
Naturalmente que o imperativo "buscai" não se refere ao menor esforço, em cujas malhas encontramos o próprio furto a fantasiar-se de inteligência.
Notificava-nos o Cristo que para encontrar o que desejamos é imprescindível diligenciar o melhor, através do reto cumprimento de nossas obrigações.
Decerto, igualmente, quando nos disse "batei", não se reportava à insistência com que mãos preguiçosas costumam espancar a porta de vidas nobres sem tempo para perder.
Induzia-nos o Eterno Amigo a perseverar no desempenho das tarefas que o mundo nos assinala, muita vez, chorando e sofrendo, mas firmes em nossos postos de luta digna para que o destino, com a Bênção da Lei, nos abra novos caminhos à ascensão e à felicidade.
Em suma, no texto, reconhecemos que o trabalho respeitável deve preceder-nos quaisquer rogos, não apenas à frente dos anjos, mas também diante dos homens, de vez que o serviço é a justa credencial que nos valoriza o verbo.
Pedir, sem retaguarda de ação a endossar-nos o anseio, seria o mesmo que tentar construir sem base ou demandar sem direito.
Saibamos, hoje e sempre e seja onde for, trabalhar na extensão do bem, conquistando naqueles que nos partilham a marcha a bênção da simpatia e a força da confiança.
Todo empréstimo em câmbio de responsabilidades essenciais, reclama crédito e garantia.
Por isso mesmo, a própria experiência da vida rotulou a conversação brilhante mas inútil, por simples demagogia e abraçou no culto do bem a luz que dissipa a sombra, abolindo os sofrimentos da penúria e as chagas da ignorância.
a b
05 - Adiantamentos
Emmanuel
Muitos companheiros se habituam a chorar pêlos talentos que ainda não possuem, esquecendo as facilidades que já lhes bafejam a vida.
Relaciona as possibilidades de que dispões e entenderás a extensão dos adiantamentos que te foram concedidos pela Providência Divina, porquanto adiantamento é concessão antecipada visando a determinados fins.
Pelas vantagens que te assinalam, em relação aos outros, perceberás facilmente que obrigações te pede a Infinita Bondade do Senhor, na oficina multiface do mundo.
Ainda assim, é razoável ponderar que o Senhor apenas te confia essa ou aquela atividade, considerando-te os interesses e benefícios.
Construções que realizas, causas nobres que defendes, heroísmos dentro de casa, enfermidades que suportas sem rebeldia, deveres escravizantes que carregas com paciência ou sacrifícios que atravesses estão habitualmente ligados ao resgate de culposas reencarnações do passado, liberações que aguardavas, há muito, a fim de escalar o futuro, ao clarão da consciência tranqüila.
Mas, enquanto lutas e sofres, os doentes que alivias, os velhinhos que amparas, as mães que socorres e as crianças que agasalhas, se hoje dependem de teu coração para readquirirem a luz da esperança, serão amanhã inspiração e consolo, fortaleza e apoio de teu caminho.
Reflete nisso, para que não te afirmes inabilitado, quando o momento de auxiliar te surja à frente.
Ensejo de ser útil a benefício de alguém é ocasião de servir em favor de nós mesmos.
Cultura, títulos, dinheiro, influência ou amizade somente valem na pauta do serviço que prestem.
Quanto possível, atende aos que te procuram; fala a palavra que esclareça ou console; dá encargos edificantes às sobras de tua bolsa, ainda mesmo quando extremamente singelas; e emprega os teus valores intelectuais e créditos de espírito, na proteção daqueles que ainda não tiveram as oportunidades que te favorecem os dias.
Aproveita os minutos e utiliza com segurança criteriosa os talentos que a Sabedoria Divina te empresta, com vistas ao rendimento do bem.
Deus dá a terra, o clima, a semente, a fonte e o tempo, mas o trabalho da plantação e da safra é merecimento do lavrador.
a b
06 - Ante a Vida
Rodrigues de Abreu
Converte os teus momentos
Marchando, cada dia,
Em bênçãos de esperança
E em migalhas de amor...
Não te esqueças que o corpo
É a lira milagrosa
Em que deves tanger
As cordas da bondade,
A fim de que teu canto,
Precedendo-te os passos,
Fale por ti, mais alto,
Na Eterna Plenitude!...
Somos nós, em verdade,
Os escravos do Tempo,
Mas felizes senhores
Do minuto que passa.
Gastemos, pois, o instante
Que, célere, nos beija,
Avançando a servir,
Nas sendas de ascensão...
Um gesto de ternura,
Um sorriso mais doce,
Uma frase em que brilhe o grande entendimento,
Uma flor que transborde o perfume da paz,
Um aperto de mão que diga sem palavras
a grande compreensão e o carinho fraterno,
Um pequeno serviço e a simples gentileza,
O estímulo ao trabalho e o generoso auxílio,
São moedas de amor que entesouras, além...
Segue, assim, deslumbrado
Ante o sol que fulgura
Nos caminhos do "Agora"
E distribui, cantando,
O bem e a simpatia,
A virtude e a beleza,
A fim de que "Amanhã",
Subas, feliz, ao Céu
No carro da alegria,
Recebendo, afinal,
A riqueza da luz
Na Vida Imperecível.
a b
07 - Ante Nosso Pai
Emmanuel
Imaginemos um pai justo e nobre, em face dos próprios filhos, na governança doméstica. Desde cedo, cada dia, desvela-se na execução dos próprios deveres, amealhando o necessário para que a dignidade e o valor lhes não faltem à existência.
Observa-lhes o crescimento, incutindo-lhes respeitabilidade e elevação de caráter.
Sacrifica-se, jubiloso, para que a luz lhes banhe o ninho familiar e para que o pão lhes nutra a mesa.
Resume-se-lhe a felicidade na felicidade que lhes é própria.
Fibras de seu coração, almas de sua alma, regozija-se na própria renúncia e contempla-se eles para alimentar em si próprio a razão de viver.
Entretanto, maduros de raciocínio, eis que os rapazes, muitas vezes, confiam-se a sendas opostas.
Foragidos do bem, entregam-se ao mal e transviados da luz, confiam-se às trevas.
E porque não conseguem esquecer o amor que lhes deu a vida, tornam, de quando em quando, ao santuário doméstico, trazendo ao progenitor os frutos do roubo, os remanescentes da rapinagem, os resultados da delinqüência e o dízimo da viciação em que se comprazem. Decerto, não multiplicariam no coração paterno mais que a dor e a angústia, o flagelo moral e a desolação.
Eis o quadro a que se ajusta a maioria das oblatas humanas nos recintos suntuosos, consagrados a Deus na Terra.
Por séculos e séculos, gestos de adoração e votos de louvor expressam-nos simplesmente o fogo e o espinheiro de nossas negações.
Meditemos a lição singela e lembremo-nos de que, qual acontece no lar humano, enobrecido pelo trabalho, nosso único sacrifício abençoado nos Céus é aquele que nos defina a extinção dos erros, a abolição da rebeldia, o aniquilamento da vaidade, a supressão do egoísmo e a vitória da humildade sobre o nosso orgulho, feroz e impertinente.
O Pai Misericordioso e Sábio, Poderoso e Justo, inegavelmente prescinde das nossas dádivas e se algo lhe podemos oferecer, em troca do infinito amor com que nos preserva e aperfeiçoa, é o aprimoramento de nossas próprias almas, a fim de que no espelho cristalino da própria consciência e na fonte limpa do coração lhe possamos retratar a grandeza.
a b
08 - Ante o Mundo Melhor
Batuíra
O Trabalho será sempre o prodígio do Universo - a força que o entretém, a luz que o eleva.
Observemos junto de nós.
Tudo é trabalho para que a vida se nos transforme na bênção de cada dia.
Trabalha o sol e o mundo se equilibra. Trabalha o mundo e a natureza se renova para que os processos da evolução nos conduzam para o Mais Alto.
A fonte é bondade e a semente faz-se pão porque trabalha servindo.
Refutamos nisso para que o repouso inoportuno não se nos infiltre no espírito por ferrugem destruidora.
No trabalho é que surpreendemos todas as oportunidades de progresso e melhoria a que nos endereçamos.
Aquele a quem servimos é quem realmente nos servirá.
Damos e recebemos. Isso é tão natural quanto plantar e colher.
Por isso mesmo, seja qual seja a condição em que nos achemos, o trabalho é caminho para a ascensão à felicidade justa.
A hora de que dispomos, a pessoa da estrada, o companheiro em serviço, o amigo e o adversário, constituem talentos potenciais que é preciso aproveitar para o bem, a fim de que o bem nos enriqueça de paz.
Não vacileis.
Atendamos aos imperativos do servir e estaremos no clima do obter.
Não há outra via para alcançar os nossos objetivos de ordem superior, senão essa.
O descanso existe por pausa de refazimento e reformulação.
Nada mais.
Recordemos semelhante verdade para que não lhe desrespeitemos a fronteira, caindo na marginalização de nossas melhores forças.
Trabalhar, sim, e trabalhar sempre, porquanto, se tudo quanto existe agora de bom e de belo, aos nossos olhos na Terra, é fruto do esforço de quem agiu e construiu, o futuro, por reino de segurança e felicidade entre as criaturas, tão-somente surgirá por fruto de quem trabalha no presente, atendendo aos apelos do Cristo para que, em nos amando uns aos outros, nos façamos obreiros fiéis e devotados, no levantamento da Nova Era para um Mundo Melhor.
a b
09 - Atenção Na Hora
Jair Presente
Quando tudo te pareça,
Na tristeza que te invade,
Infortúnio, desencanto,
Amargura e tempestade;
Quando a saúde escasseia
E o companheiro deserta,
Quando o grito dos credores
Lembra garra que te aperta;
Quando notas que perdeste
O que tenhas por melhor
E enxergas apenas sombra
A envolver-te em derredor;
Quando os deveres te obrigam
A sorrir e a suportar,
Enquanto desejarias
Reagir e espernear,
Quando a corrente contrária
E angústia a esmagar-te o dia
Com o punhal do sofrimento
Que em tudo te desafia;
Recorda que Deus te deu,
Perante qualquer pesar,
A fé que te guarda e ensina
A nunca desanimar.
Por trás da noite de espinhos,
Na provação vexatória,
Quem sabe? Talvez estejas
No alvorecer da vitória.
Insiste na tolerância,
Nada reclames de alguém,
O Céu renova os caminhos
De quem persiste no bem.
Por isso, serve e não temas,
Nada te faça fugir,
Quando tudo segue mal
É hora de resistir.
a b
10 - Na Ascensão Espiritual
Emmanuel
Determina a Providência que todos os seres da Criação recebam esse ou aquele provimento de forças, segundo o desejo em que se expressam, de modo a cooperarem na evolução e no engrandecimento da vida.
Anseia o verme pelo alimento do subsolo e recebe a substância que lhe assegura a vitalidade, trabalhando, porém, na fecundação da terra, até que outros impulsos lhe marquem a crisálida de consciência.
Aspira o animal de grande porte à pastagem nutritiva e recolhe o verde elemento do campo que lhe garante a sustentação e o equilíbrio, obrigando-se, entretanto, a colaborar nos processos de renovação e fertilidade da natureza, até que desperte para impulsos mais altos.
Pede o silvícola a proteção da floresta em que se lhe encrava o domicílio singelo e encontra meios de construir a taba, que lhe asila a existência, colaborando na formação de bases para a civilização porvindoura, até que idéias mais elevadas lhe iluminem a mente.
Cada espírito estagia na situação de que necessita, detendo os recursos que a Sabedoria Infinita lhe empresta, servindo ao progresso, nesse ou naquele departamento do mundo, até que estabeleça para si mesmo aspirações mais nobres, capazes de alçá-lo à Vida Superior.
Abstenhamo-nos de usar a prece por arma de caça a vantagens inferiores.
Não nos demoremos em petições descabidas e injustas que somente nos agravariam a posição de almas reclusas nos círculos inquietantes da experiência terrestre.
Abracemos o trabalho edificante, compreendamos a dificuldade e a dor por auxiliares de nosso próprio burilamento e abreviaremos a nossa longa viagem para os cimos da evolução.
a b
11 - Batei e Abrir-se-vos-a
Batei para o Evangelho não traduz “mendigai”
Significa “esforçai-vos” e insisti na vitória do Bem.
Não basta pedir para receber.
Não vale unicamente aguardar a fim de encontrar.
A súplica sem trabalho costuma degenerar-se em ociosidade.
E a esperança que não opera acaba sendo inércia.
Abracemos a tarefa de cada dia por bendito instrumento com que nos compete recorrer às fontes da vida.
Atendamos aos próprios encargos, por mais difíceis nos pareçam, com alegria e serenidade, claramente informados de que o direito é algo que nos cabe obter, através da obrigação retamente cumprida.
Com o serviço que se nos atribui, estamos batendo às portas do progresso e do aperfeiçoamento e, pelo próprio serviço, o Senhor nos responderá com as bênçãos da realização e do amor.
a b
12 - Berlinda
Manoel Monteiro
... E na roda, em voz baixa, alguém dizia assim:
- Vocês viram, de fato?
Nunca vi companheiro tão mesquinho
E nenhum tão ingrato!...
Obsessão, ali, domina em cheio,
Homem que não entende, nem perdoa,
Sobretudo, é sovina inveterado,
Uma pedra em pessoa...
E, noutra roda, alguém asseverava:
- Ela, coitada, em tudo é doida e cega,
Intrigante, orgulhosa, sem juízo,
Um poço de vaidade que trafega...
Onde aparece é flor que não se cheira,
Brasa que a gente vê mas não atiça,
E, além dos desmanteles que provoca,
É um retrato acabado da preguiça.
Quantas vezes entramos no barulho
De coração simplório e desatento,
Tão-só comprando o peso do remorso
E a sombra triste do arrependimento!...
Ante as rodas que falam sem proveito,
Guarda em silêncio e prece a própria voz...
Hoje, os outros padecem na berlinda,
Cuidado! que amanhã seremos nós.
a b
13 - Bilhete Breve
Casimiro Cunha
Perdoa, ampara e esclarece
Toda migalha de amor
É peça, forma e estrutura
Na construção do Senhor.
Ninguém existe no mundo
Que não precise de alguém.
Se queres felicidade,
Trabalha, alongando o bem.
A mão que se estende à tua,
Rogando consolação,
É generoso convite
À luz da renovação.
Atende... E terás contigo
A alegria doce e bela.
A caridade é Jesus
Buscando-te junto dela
a b
14 - Escolhas Esquecidas
Scheilla
Dá o que possas, como possas e quanto possas, em benefício dos outros, mas recorda sempre as esmolas esquecidas...
O timbre de voz fraterna com quem ainda não te simpatizas...
O sorriso acolhedor para a visita inesperada...
O minuto de boa vontade no esclarecimento amigo...
A simples conversação reconfortante com a pessoa, cuja presença te desagrada...
O silêncio generoso ante a provocação daqueles que ainda te não compreendem...
A insignificante gentileza na via pública...
A referência construtiva em favor dos ausentes...
O serviço singelo aos desconhecidos...
A oração pêlos adversários...
A consideração para com os mais velhos...
O amparo à criança...
A ligeira visita aos doentes...
O bilhete afetuoso ao irmão necessitado de bom ânimo...
O carinho em casa...
O socorro aos desalentados...
A palavra otimista para quem te ouve...
A leitura edificante...
O respeito às situações que não conheces...
O auxilio à natureza...
A cooperação desinteressada no bem...
Não te afastes do abençoado serviço a todos.
Os pequeninos gestos espontâneos da verdadeira fraternidade são alicerces seguros na construção do Reino de Luz e Amor.
a b
15 - Ante a Fé
Emmanuel
Naturalmente que a fé em Deus presidir-nos-á todos os movimentos da vida, se nos propomos a avançar com o progresso, à feição da seiva permanente na árvore, a fim de que ela corresponda ao seu nobre destino.
Entretanto, a fé em Deus não pode excluir a fé em nós mesmos.
Não encorajamos aqui as falsas alegações daqueles irmãos menos responsáveis que superestimam os próprios valores, alardeando qualidades de que se mostram distantes, mas sim o equilíbrio das consciências valorosas que não desconhecem os deveres que o mundo lhes conferiu.
Cada alma carreia consigo recursos divinos que é preciso multiplicar, riquezas imperecíveis que é necessário estender.
Eis por que a fé será dinamismo criador do bem de todos ou não passará de enfeite inútil nos lábios.
Se Jesus estivesse circunscrito à fé no Poder Divino, cruzando os braços, em doce reserva nas Esferas Superiores, decerto não teria vindo ao encontro da Humanidade, exemplificando o amor universal que lhe flui de cada lição e lhe reponta de cada gesto.
E se não confiasse no homem, cujas energias interiores veio despertar para a fé em si mesmo, indubitavelmente, não se teria consagrado à obra da redenção terrestre até o sacrifício supremo.
É que não vale acreditar na bondade, sem que sejamos bons, nem exaltar os méritos da justiça sem sermos justos.
Não te detenhas, em nome de Cristo, na adoração expectante daqueles que simplesmente se confiam à inércia.
Vale-te das horas para marchar, com o tempo, no rumo da Luz Perfeita.
Mobiliza as possibilidades de que dispões, acorda e vive, sabendo que acordar é compreender e viver é lutar pela própria ascensão.
Estuda, trabalha, progride, renova-te e aperfeiçoa-te.
Se aspiras a conquistar a intimidade do Cristo não te imobilizes na ilusão.
Lembra-te de que o Mestre colocava ênfase expressiva ante cada enfermo recuperado, exclamando convincente:
-"A tua f é te curou".
Nenhum dos beneficiários de seu amor chegou a restaurar-se sem os talentos da fé positiva e justa, em cada um deles entesourada.
Não te esqueças, ainda, de que se o Senhor proclamou que "a fé transporta montanhas", também nos advertiu:
-” Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres".
Reconheçamos: para que a nossa fé não se aprisione nas grades do fanatismo é indispensável que o discernimento nos auxilie a caminhar.
a b
16 - Civilização e Solidariedade
Emmanuel
Numerosos os companheiros que se crêem modelos acabados de humanismo. São repositórios vivos da cultura de todos os tempos. Descerram ilimitados horizontes à inteligência e, debruçados sobre publicações, falam de ciência e filosofia, dominando os mais altos conhecimentos.
Entretanto, não toleram o mínimo contato com os sofrimentos do próximo.
Nada sabem acerca das criaturas que se arrastam, em torno das peças primorosas que pronunciam.
Supõem-se líderes de educação e progresso, mas admitem como sendo indignidade para eles o trato pessoal com o homem calejado no trabalho que o alfabeto ainda não alcançou; julgam impropriedade, na altura em que se encontram, qualquer atenção caridosa para com as mães abandonadas em telheiros de angustia; acreditam que lhes é inconveniente assumir responsabilidade na proteção à criança que abordou o plano físico pelo renascimento considerado ilegal e categorizam por marginais pobres irmãos que tombam na estrada, enfermos e subnutridos...
Emitem conceitos profundos, em matéria de espiritualidade e religião, mas desconhecem totalmente os desesperados, os ignorantes, os obsessos, os toxicômanos, as vítimas do aborto, os desempregados, os descrentes, os velhos banidos do lar, os recalcados quase sempre no rumo de penitenciárias ou manicômios, os parias sociais de todas as procedências...
Exaltemos a técnica e desenvolvamos o saber, sem os quais a vida terrena jazeria indefinidamente na selva, mas inclinemo-nos na direção dos que carregam fardos mais pesados do que os nossos, honorificando a solidariedade.
Penetremos os recessos da psicologia da nossa época, auscultemos os problemas, as aflições, as provas e as necessidades que nos rodeiam, oferecendo o concurso de que sejamos capazes à solução e ao amparo de que careçam nossos irmãos ainda infelizes.
Não somos chamados tão-somente a viver e aprender, mas também a conviver e auxiliar.
Civilização sem amor é subida espetacular para salto nas trevas.
Cultura que não guia a retaguarda, por intermédio de compaixão e serviço, é comparável à indiferença do pastor que entrega o rebanho aos lobos da violência.
a b
17 - Em Tudo Caridade
Fabiano
Meus filhos.
A reencarnação na Terra é caminho para a vitória da caridade que, em si mesma, representa o Divino Amor na base da vida.
O mundo é templo de caridade.
O corpo é o abrigo da caridade, em que somos resguardados para servi-la.
O ar é fluido da caridade.
O pão é bênção dá caridade.
A fonte é recurso da caridade.
O lar é instituto de caridade.
Em todos os dons da existência, surpreendemos o apoio da caridade para que aprendamos a estender caridade.
A família roga caridade.
O companheiro aguarda caridade.
O vizinho espera caridade.
O chefe reclama caridade.
O subordinado pede caridade.
O doente solicita caridade.
O ofensor exige caridade.
O irmão do caminho, seja ele quem for, passa por nós, buscando caridade.
Precisamos, assim, de caridade no sentimento e na idéia, na palavra e na atitude, na ação e no exemplo, constantemente, constantemente...
Se nos propomos seguir com Jesus, à procura dos planos superiores, acomodemo-nos aos imperativos da caridade, em todas as circunstâncias, recordando que Ele mesmo, o Divino Mestre, a fim de resumir todos os princípios da Sua doutrina libertadora, afirmou para os ouvidos de todos os séculos:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”
a b
18 - Civilização e Sociedade
Jair Presente
Há muitas vozes no mundo.
Vozes de falso prazer,
De azedume e desalento
Que mandam esmorecer;
Vozes de injúria e sarcasmo
Que se perdem no zum-zum,
De cólera e zombaria
Que afligem a qualquer um;
Vozes de ódio e frieza,
De revolta e teimosia,
Nas quais, por vez sem conta,
Eis que o pior principia;
Vozes de sombra e rudeza,
De pedradas a granel,
Que caem sobre a pessoa,
Lembrando calhaus de fel;
Vozes de mágoa ou de queixa,
Sempre que há zebra na estrada;
Vozes de fogo e trovão
Formando a barra pesada;
Mas todas passam por nós,
Fazendo barulho em vão,
Se temos a voz de Cristo
Por dentro do coração.
a b
19 - Companheiros Vacilantes
Emmanuel
Nas ocasiões de crise espiritual, será talvez a fé aquela qualidade mais intensivamente examinada no âmago das criaturas.
Se conservas contigo os valores da confiança, habilita-te a servir e a suportar.
Quando a guerra se manifesta no plano físico, embora a característica sempre lamentável que assume, os resquícios de animalidade ainda arquivados em nós outros - os espíritos em evolução na Terra - desbordam da personalidade, estendendo as ruínas que nos atestam a inferioridade.
No entanto, nos embates íntimos, quando as nossas concepções e pontos de vista se entrechocam, adentro da própria alma, tremem as forcas em que se nos estrutura o teto mental e nem todos contam com a energia suficiente para se garantirem na própria segurança.
Estabelecido o desequilíbrio das idéias e emoções que nos registram o modo de ser, surgem aos montes aqueles que se marginalizam em desalento e ceticismo, ante as lutas de que se sentem objeto, no círculo de negações que se lhes afiguram irreversíveis, associando-se-nos aos desajustes, como que no propósito de ampliá-los.
Esse padeceu desilusões com afetos que lhe eram extremamente queridos e caiu em desconfiança pela impossibilidade de sustentar a própria fé, acima das contingências e fragilidades humanas; aquele entrou em tribulações no lar e bandeou-se para a descrença, admitindo-se sem necessidade de lágrimas em favor do próprio burilamento; outro varou empeços que lhe pareceram humilhações, estirando-se espiritualmente em desespero e revolta, por desconhecer-lhes a função educativa; e outros muitos, mergulhados na saudade dos entes queridos que os precederam na Grande Mudança, se fixam em pessimismo e negação ante as sugestões da morte, sem recursos para encontrarem na morte o renascimento da vida.
Onde encontres os nossos irmãos caídos em descrença e desânimo, compadece-te deles.
São companheiros que adoeceram de angústia, sob o impacto da renovação apressada imposta pela própria vida nos tempos de crise espiritual.
Ao invés de acusá-los, estende-lhes braços amigos a fim de que se refaçam.
E mesmo que te recusem o apoio fraterno, alucinados ou desfalecentes de dor, que muitos deles se encontram, abençoa-os com a prece de simpatia e continua para diante, nas tarefas nobilitantes que a existência te deu.
Eles todos são enfermos queridos que se magoaram na batalha da evolução e se localizam nas retaguardas do serviço, para as quais as ambulâncias do socorro de Deus, se ainda não chegaram, estão inevitavelmente a caminho.
a b
20 - No Caminho da Cruz
Auta de Souza
Alma irmã, fatigada e dolorida,
Traze ao Calvário a cruz que te aguilhoa
E, buscando Jesus, ama e perdoa,
Entre as pedras e as sombras da subida.
Embora fustigada e incompreendida,
Guarda a humildade valorosa e boa
E conserva por rútila coroa
A fé que te enriquece o amor e a vida.
Pés sangrando na senda em que te esmagas,
Louva a aflição e o fel das próprias chagas,
Sob o guante da dor que te governa!...
E, alcançando o Senhor, que em Luz se exprime,
Desferirás teu vôo alto e sublime
Para os sóis imortais da Vida Eterna.
a b
21 - Diante da Posse
Emmanuel
Recorda o grande minuto do berço para que te convenças, sem alarme, de que toda posse pertence a Deus.
Integralmente jungido à necessidade, atingiste o mundo em completa nudez, esmolando a proteção maternal, através de vagidos que te denunciavam a carência de tudo.
Reconhecerás, desse modo, que a vida se te desenrola nas mil concessões do Pai Celestial cada dia.
Do chão que te sustenta à estrela que te adelgaça a treva noturna, tudo é Deus em teus passos, conferindo-te equilíbrio e respiração, idéia e movimento, em regime de administração, de vez que o Amor Infinito nos empresta todos os bens do mundo para que Lhe estendamos a grandeza, ao sol desse mesmo amor que é patrimônio de todas as criaturas.
Observarás então que o Todo-Misericordioso te concede o ouro terrestre para que ajudes a evolução, tanto quanto te reveste com a influência política ou com a cultura da inteligência, a fim de que te convertas em coluna valiosa do progresso e da educação.
Não olvides que todos, por algum tempo, detemos recursos e vantagens que significam talentos entregues às nossas mãos pelo Suprimento Divino.
Nossa família é santuário de af etos para que nos entrosemos com a família maior a expressar-se na Humanidade inteira; nossa profissão é título de trabalho com que nos cabe servir à comunidade em bases de sacrifício próprio; nossa fé representa lâmpada viva com que nos compete a obrigação de clarear os caminhos alheios e nossa bolsa não é mais que repositório de possibilidades que, a rigor, estacionam em nossa marcha para que se transformem no pão e na alegria de todos os que nos cercam.
Acautela-te ante a transitoriedade em que toda a existência humana se levanta e desdobra, a fim de que amanhã não te aconteça acordar nos braços da morte, com a loucura de quem, debalde, intenta reter disponibilidades e bênçãos de que a fronteira de cinza é o justo limite.
“Não servirás a dois senhores” - ensinou-nos o Cristo de Deus.
Jamais nos esqueçamos de que o Supremo Senhor é realmente Deus, Nosso Pai, e que, fora dos interesses d'Ele, que constituem felicidade e luz para todos, estaremos jugulados pela tirania do mentiroso senhor que é nosso “eu”
a b
22 - Do Modo De Auxiliar
Emmanuel
Qualquer socorro, indiscutivelmente, nasce na fonte da caridade, merecendo gratidão e respeito; no entanto, em amparando a alguém com alguma cousa, não olvides o modo de dar para que a tua dádiva seja na Terra uma luz do Céu.
Muita gente arremessa a bolsa ao semblante do irmão em prova, com tanta dureza de sentimento que, em lugar das flores da alegria, apenas lhe oferta ao coração as raízes envenenadas da angústia.
Muitos estendem o pão ao faminto, revestindo-o de tantas reprimendas, que o alimento lhe alcança a boca com ressaibos de fel.
E muitos, ainda, oferecem a palavra de fé e orientação, aos desesperados do caminho terrestre, com tantas anotações de escárnio que o prato do conselho edificante surge condimentado em vinagre de crítica, à maneira de manjar celeste misturado de lodo e lama.
Analisa a intenção com que socorres para que a leviandade não te desfigures o gesto amigo.
Considera a inflexão de tua voz para que teu verbo não se transforme em azorrague esfogueante.
Observa a maneira que adotas no auxílio ao companheiro de luta, a fim de que a intolerância não te comande os movimentos, distribuindo humilhação e pesar, ao invés de esperança e consolação.
Muitos dão.
Raros, no entanto, sabem dar, porque para estender o culto do amor fraterno por sublime virtude, é imprescindível que a humildade nos ilumine por dentro, a fim de que a ausência do perdão e da paciência, do entendimento e da bondade não nos converta em censores de nossos próprios irmãos, sedentos de solidariedade e carinho.
Não nos esqueçamos de que auxiliando aos outros como Jesus auxiliou - oferecendo ao mundo quanto possuía de si, sem cogitar de si mesmo - realmente faremos da caridade comum não apenas o refúgio da esmola mas o divino santuário da educação.
a b
23 - Donativo De Amor
Batuíra
Filhos, o Senhor nos abençoe.
Nas reflexões a que somos induzidos pela caridade, recordemos nós mesmos na construção do Mundo Melhor, com a bênção de Jesus.
Efetivamente, o Senhor nos concede:
o ambiente de trabalho;
o veículo de manifestação;
a luz do entendimento;
o clarão da verdade;
o alimento do amor;
a chama do ideal;
a bênção da palavra;
os meios de intercâmbio;
as oportunidades de ação;
o sustento da fé;
a dádiva da esperança;
o apoio íntimo que nos assegure serenidade e paciência ante as dificuldades do caminho;
o tesouro da afinidade pelo qual nos enriquecemos com a presença e o concurso de companheiros que se nos reúnem às tarefas;
os laços da fraternidade;
a composição dos recursos necessários à edificação do bem a que nos empenhamos;
a cooperação dos valores afetivos;
o incentivo do lar;
os benefícios do aprendizado;
as vantagens do conhecimento;
as possibilidades de serviço;
o amparo da vida institucional que nos reúne para os deveres que nos competem;
os braços dos amigos;
o aviso dos adversários;
as fontes de compreensão e de carinho em que nos dessedentamos para seguir à f rente;
o material de trabalho, de cuja colaboração ser-nos-á possível retirar as mais preciosas riquezas do espírito;
o dom da confiança;
a luz do discernimento;
as mil providências de socorro e sustentação de que nos achamos rodeados para que venhamos a superar valorosamente todos os problemas que surjam no caminho a trilhar...
Enfim, meus filhos, o Senhor nos dá tudo em nos referindo aos meios de que temos necessidade para a realização espiritual, mas só nos pede um donativo, sem o qual a obra em nossas mãos esmoreceria na base: a caridade de cedermos de nossos pontos de vista, aceitando-nos uns aos outros tais quais somos, nos alicerces da união fraterna em serviço, por amor à tarefa que nos foi confiada, porque essa tarefa, na essência, pertence ao Senhor na pessoa do próximo e não a nós.
Filhos queridos, vejamos um edifício comum.
Se o piso não suporta as paredes e se as paredes não toleram o teto; se os recursos de alvenaria ou as vigas de apoio não se irmanam uns aos outros, enlaçando-se entre si, sem que os fios encontrem refúgio no corpo da construção e se os agentes de comunicação não conseguem apoio nos elementos constitutivos da casa, é impossível a sustentação da obra em si como reduto de moradia e educação, amor e progresso.
Sem a caridade, diz-nos o Excelso Codificador, não há salvação e sem união, entre nós, toda realização humana, com o Senhor, conquanto o Senhor nos abençoe e nos sustente, será sempre francamente impossível.
Oremos hoje pela extensão da caridade na Terra sem nos esquecermos de orar por nós mesmos para que a caridade, de uns para com os outros, nos garanta a continuidade do privilégio de exercer a caridade com Jesus, em auxílio de todos os nossos irmãos da jornada humana, hoje e sempre.
a b
24 - Ponderação
Bezerra de Menezes
Não gaste impensadamente os seus dias na pregação desesperada de princípios renovadores que você mesmo tem dificuldade de abraçar. Corrijamos em nós o que nos aborrece nos outros e Jesus fará o resto pela felicidade do mundo inteiro.
a b
25 - Dor e Alegria
Emmanuel
A dor é o caminho.
A alegria é a meta.
A luta é o veículo.
O aperfeiçoamento é a realização.
Vejamos a assertiva nos ângulos mais simples do quadro material em que estagiamos.
Os fios de condução da energia elétrica nasceram na condição mais humilde, mas, ligados à força da usina, transformam-se em mensageiros da luz.
O tijolo singelo em que se erige a parede que nos abriga passou pelo clima sufocante do forno, antes de converter-se em soldado da segurança.
A mesa que nos serve ao trabalho sofreu o império da lâmina que lhe suprimiu as arestas; no entanto, é presentemente um altar da cultura, em que se acomodam o entendimento sadio e a vibração da fraternidade, o livro edificante e o calor da oração.
As rosas que nos emolduram a noção de beleza, muitas vezes, são herdeiras do estrume; no entanto, se ainda ontem, desabrochavam na vizinhança do lodo, revelam-se agora por ânforas de perfume.
Ninguém pode negar o golpe do malho na bigorna ardente para modelar o ferro deseducado; entretanto, o suplício do fogo é um minuto de aflição plasmando a utilidade preciosa que seguirá servindo, na exaltação do conforto, por tempo indeterminado.
A semente na cova padecerá constrição e isolamento, contudo, após dias breves de asfixia e inquietude, elevar-se-á, generosa, por árvore dominante, a exalçar-se nas cores da primavera e a contribuir no tesouro do pão.
Em verdade, é preciso lutar para superar-nos; entretanto, é indispensável contemplar os cimos, se nos propomos atingir o templo solar.
Fixar demasiadamente a noite é perder a visão do dia renascente.
Buscar a revelação da aurora é alijar o grilhão das trevas.
Realmente, o Evangelho de Jesus é um poema de trabalho e de sacrifício a que não faltam a enfermidade e o desespero dos homens, com a flagelação e a cruz para o Emissário Divino.
Todavia, a Boa Nova do Cristo começa nos cânticos das legiões celestes, acompanhados por vozes angelicais de pastores, consolida-se numa festa esponsalícia em Caná, avança com as esperanças e com os júbilos dos penitentes aliviados, detém-se nas fulgurações do Tabor e termina com a Ressurreição do Mestre Inolvidável em pleno jardim.
Cultivemos otimismo e serenidade, coragem e bom ânimo, acima das lições que nos reserva o caminho, de vez que toda nuvem chega e passa, toda tempestade surge e desaparece, porque, diante de Deus, que nos criou para a imortalidade triunfante, só a luz e a alegria querem a eternidade, a gloriosa eternidade...
a b
26 - Esmolas Esquecidas
Scheilla
Dá o que possas, como possas e quanto possas, em benefício dos outros, mas recorda sempre as esmolas esquecidas...
O timbre de voz fraterna com quem ainda não te simpatizas...
O sorriso acolhedor para a visita inesperada...
O minuto de boa vontade no esclarecimento amigo...
A simples conversação reconfortante com a pessoa, cuja presença te desagrada...
O silêncio generoso ante a provocação daqueles que ainda te não compreendem...
A insignificante gentileza na via pública...
A referência construtiva em favor dos ausentes...
O serviço singelo aos desconhecidos...
A oração pêlos adversários...
A consideração para com os mais velhos...
O amparo à criança...
A ligeira visita aos doentes...
O bilhete afetuoso ao irmão necessitado de bom ânimo...
O carinho em casa...
O socorro aos desalentados...
A palavra otimista para quem te ouve...
A leitura edificante...
O respeito às situações que não conheces...
O auxilio à natureza...
A cooperação desinteressada no bem...
Não te afastes do abençoado serviço a todos.
Os pequeninos gestos espontâneos da verdadeira fraternidade são alicerces seguros na construção do Reino de Luz e Amor.
a b
27 - Diante da Fé
Emmanuel
Naturalmente que a fé em Deus presidir-nos-á todos os movimentos da vida, se nos propomos a avançar com o progresso, à feição da seiva permanente na árvore, a fim de que ela corresponda ao seu nobre destino.
Entretanto, a fé em Deus não pode excluir a fé em nós mesmos.
Não encorajamos aqui as falsas alegações daqueles irmãos menos responsáveis que superestimam os próprios valores, alardeando qualidades de que se mostram distantes, mas sim o equilíbrio das consciências valorosas que não desconhecem os deveres que o mundo lhes conferiu.
Cada alma carreia consigo recursos divinos que é preciso multiplicar, riquezas imperecíveis que é necessário estender.
Eis por que a fé será dinamismo criador do bem de todos ou não passará de enfeite inútil nos lábios.
Se Jesus estivesse circunscrito à fé no Poder Divino, cruzando os braços, em doce reserva nas Esferas Superiores, decerto não teria vindo ao encontro da Humanidade, exemplificando o amor universal que lhe flui de cada lição e lhe reponta de cada gesto.
E se não confiasse no homem, cujas energias interiores veio despertar para a fé em si mesmo, indubitavelmente, não se teria consagrado à obra da redenção terrestre até o sacrifício supremo.
É que não vale acreditar na bondade, sem que sejamos bons, nem exaltar os méritos da justiça sem sermos justos.
Não te detenhas, em nome de Cristo, na adoração expectante daqueles que simplesmente se confiam à inércia.
Vale-te das horas para marchar, com o tempo, no rumo da Luz Perfeita.
Mobiliza as possibilidades de que dispões, acorda e vive, sabendo que acordar é compreender e viver é lutar pela própria ascensão.
Estuda, trabalha, progride, renova-te e aperfeiçoa-te.
Se aspiras a conquistar a intimidade do Cristo não te imobilizes na ilusão.
Lembra-te de que o Mestre colocava ênfase expressiva ante cada enfermo recuperado, exclamando convincente:
-"A tua f é te curou".
Nenhum dos beneficiários de seu amor chegou a restaurar-se sem os talentos da fé positiva e justa, em cada um deles entesourada.
Não te esqueças, ainda, de que se o Senhor proclamou que "a fé transporta montanhas", também nos advertiu:
-“Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres".
Reconheçamos: para que a nossa fé não se aprisione nas grades do fanatismo é indispensável que o discernimento nos auxilie a caminhar.
a b
28 - Obsessor
Casimiro Cunha
Se desconheces ainda
As modas do obsessor,
Fica sabendo: ele sempre
Está nas trilhas do amor.
Por onde não há perdão,
Vem por aquele que agrida,
Depois faz casos e dramas
pela pessoa ofendida.
No afeto sem tolerância,
Expressa temperamento
De quem cultiva melindres
A fel de ressentimento.
Na estima exigente e cega
Estende sombras fatais,
Criando rixas e golpes
No apego, quando é demais.
Nos laços da intransigência,
Exprime-se na paixão,
Plasmando ódio e delito,
Demanda e separação.
Obsessor? Observa.
Ele irrita, induz e invade,
Pelo amor que inda não chega
A ser amor de verdade.
a b
29 - Paz e Amor
Maria Dolores
Escuta, coração!...
Se buscas atingir a vitória do bem,
Se desejas que a paz se te instale nas horas,
O programa é servir sem desprezar ninguém...
Contempla a terra em derredor
E reconhecerás com nitidez
Que sem base de ação e tolerância,
Nada de bom se fez!...
O chão que suportou enxada e golpe
É sempre aquele chão
Onde a vida se dá e depois se retoma,
Em láureas de verdura e tesouros de pão...
A fonte que te ampara não se oculta,
Em descanso vulgar,
É aquela que não teme pedra e lodo
E cede apoio ao rio à procura do mar.
Observa mais longe:
No anseio de progresso a que o tempo te induz,
Sem força ou combustível que se gastam,
Pereceria a Terra, ante a morte da luz.
Se sonhas mundo novo, serve e segue,
Não pares, nem te deixes combalir,
O trabalho presente aproveita o passado
Para tornar mais alta a bênção do porvir!...
Não te prendas à sombra da tristeza,
Nem te entregues à queixa amarga e vã.
Auxilia, perdoa e releva hoje
E encontrarás mais bela a vida de amanhã!...
Examina conosco, alma querida:
Seja onde seja e seja com quem for,
Deus, em tudo, é a presença da bondade
Que a tudo envolve e guarda, em cascatas de amor
a b
30 - Pensa e Pergunta
Manoel Monteiro
Se ouviste acusações
Sobre a f alta de alguém
E queres comentá-la
De maneira contrária à lei do bem,
Pensa nisto, primeiro,
Em torno ao que se fala:
- Será que o companheiro
Praticou a maldade que se diz
Ou tudo se resume simplesmente
Num boato infeliz?
Depois, reflete assim:
- Estou eu sobre a Terra
Com tanta perfeição,
Que posso erguer a mão
E censurar quem erra?
Em seguida, pergunta claramente,
Sempre sem dizer nada:
- Como agiria eu se estivesse na prova
Da pessoa acusada?
Logo após, dize à própria consciência,
Longe de todo alheio reboliço:
-Se propalar a imperfeição dos outros,
Que vantagem há nisso?
Por fim, depois de orar, busca saber
Na luz viva da fé que nos conduz:
- Se estivesse visível no meu passo,
Que faria Jesus?
Além destas perguntas formuladas,
Nada dirás do mal, seja a quem for,
Porque estarás com Deus e Deus contigo
Para a benção do amor.
a b
31 - Auxílio e Previdência
Emmanuel
Ajudar a nós mesmos, a fim de que Deus nos ajude.
Buscando entender a necessidade do auxílio a nós próprios, para que falsas suposições de milagre não nos comprometam a integridade interior, anota os favores vitalícios que recolhes da Divina Bondade e assinala as medidas que te sentes constrangido a movimentar, na proteção ao próprio corpo.
Auxílio não subsiste sem previdência.
As leis do Universo propiciam-te abrigo seguro, no domicilio planetário, entretanto, estás na obrigação de tomar residência própria, adequada ao clima em que estagias, para que te forres da intempérie; abastecem-te de ar livre e puro, mas deves renovar-lhe as correntes, quando se mostrem poluídas, se não quiseres perder-te, em gases tóxicos; resguardam-te o carro celular com o fino manto da epiderme, no entanto, é imperioso te agasalhes, preservando-te contra determinadas condições enfermiças; munem-te de anticorpos que atendem à defesa automática do campo orgânico, mas se aparece violento processo infeccioso, suscetível de arrasar-te todas as resistências, é forçoso providencies medicação de caráter imediato; armam-te de aparelhos primorosos para os serviços da visão e da audição, entretanto, se agentes estranhos invadem a intimidade dos olhos e dos ouvidos, é indispensável recorras à cirurgia.
Sucede na esfera moral o que acontece na vida física.
No reino da alma, as mesmas leis do Universo conferem-nos os princípios naturais do discernimento e da ordem, da lógica e da justiça, para que a harmonia individual se erija em baluarte da tranqüilidade e da segurança de todos, mas sempre que a razão surja obscurecida ou a emoção desgovernada, nas sombras que, por vezes, assaltam o pensamento, se desejamos o auxílio de Deus, é imprescindível auxiliar-nos, realizando com serenidade e desinteresse, ainda mesmo à custa do próprio sacrifício, as duras tarefas da verdade, no acendimento de nova luz.
a b
32 - Resposta
Tobias Barreto
Céus, quem vos desdobrou no tempo sem memória?
Flâmeas constelações, quem vos lança e aglutina?
Astros, quem vos dirige a excelsa disciplina?
Luzes, quem vos acende a beleza incorpórea?
Terra, quem vos gerou? Mares, quem vos domina?
Flores, quem vos estende a gentileza e a glória?
Aves, quem vos inspira a marcha migratória?
Fontes, quem vos impele a cantar em surdina?
Desertos, quem vos fez na imensidão de areia?
Vales, quem vos mantém'? Rochas, quem vos alteia?
Vermes, quem vos criou no abismo estranho e mudo?!...
De esfera a esfera, ser a ser e vida em vida,
Surge por toda a parte a resposta incontida:
- "Deus! ... Tudo vem de Deus na grandeza de tudo! ..."
a b
33 - Sofre e Confia
Arnold de Souza
Por mais intensa a mágoa que te oprime,
Sob a aflição que ruge, longe ou perto,
Na tormenta, na dor, no lar deserto,
Guarda contigo a paz do amor sublime.
Em tua própria cruz, clara, se arrime
A fé suprema de teu passo incerto...
Chora, guardando o espírito liberto
De todo arrastamento à treva e ao crime.
Sorve o pranto na taça da amargura,
Sob a flagelação da noite escura,
Mas não te inclines para a fuga inglória.
Sofre e confia valorosamente,
Que amanhã brilhará no céu ridente
O teu dia de luz e de vitória.
a b
34 - Trabalho, O Grande Privilégio
Batuíra
A imagem do Semeador, trazida por Jesus às nossas considerações, é um ensinamento perfeito.
Em verdade, Deus oferece:
a bênção do sol;
a generosidade da Terra;
a colaboração da fonte;
o amparo do adubo;
a força da vida;
a oportunidade de servir;
a felicidade de imaginar;
a luz do discernimento;
a hospedagem do campo;
a alegria da ação;
os recursos todos que
dignificam a paisagem, na
qual o Homem - Filho e
Colaborador da Criação - é chamado a atuar.
Deus lhe dá tudo - tudo aquilo de que carece para engrandecer-se e resguardar-se, progredir e elevar-se cada vez mais, entretanto, embora lhe conceda tudo, até mesmo a semente que explodirá em prodígios de vida e evolução, felicidade e aperfeiçoamento, pede a ele unicamente para que exerça o privilégio de trabalhar.
A lição evangélica é simples e clara. Nós que estamos despertos para a renovação, aproveitemos o tempo e saibamos trabalhar e servir sempre, porque nisso residem as nossas bênçãos maiores.
a b
35 - Vozes
Jair Presente
Há muitas vozes no mundo.
Vozes de falso prazer,
De azedume e desalento
Que mandam esmorecer;
Vozes de injúria e sarcasmo
Que se perdem no zum-zum,
De cólera e zombaria
Que afligem a qualquer um;
Vozes de ódio e frieza,
De revolta e teimosia,
Nas quais, por vez sem conta,
Eis que o pior principia;
Vozes de sombra e rudeza,
De pedradas a granel,
Que caem sobre a pessoa,
Lembrando calhaus de fel;
Vozes de mágoa ou de queixa,
Sempre que há zebra na estrada;
Vozes de fogo e trovão
Formando a barra pesada;
Mas todas passam por nós,
Fazendo barulho em vão,
Se temos a voz de Cristo
Por dentro do coração.
a b
fim