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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ninguém Morre-Francisco Cândido Xavier

 

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Ninguém Morre

Chico Xavier

Espíritos Diversos

João dos Santos Moutinho

Querida Ondina.

Minha boa filha.

Deus nos abençoe.

Estou com a mãe Beatriz e alguns amigos, entre os quais o Carísio e o Joaquim Barbosa, para pedir a você e ao Urbano dizerem à nossa querida Emília que estou melhor.

O desgaste do corpo foi muito demorado, mas já estou começando a reviver.

Vi o Silvano a me avisar que seguiria viagem no domingo, mas fui proibido de falar no assunto para não assustar sua mãe.

Abraço o Nefe e os amigos todos.

Agradeço as lembranças e preces com que me auxiliam tanto.

Não posso escrever mais.

Recebam, com Emília, com o João, o Ismael, todos os filhos, o abraço do Papai agradecido.

Mediunidade Não é Privilégio de Ninguém

Ondina Moutinho Vieira

Antes de estudar a mensagem, na realidade um bilhete, do Espírito do Sr. João dos Santos Moutinho – “Já estou começando a reviver” -, recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, ao final da reunião pública da noite de 22 de maio de 1982, procuremos transcrever-lhe parte da excelente síntese biográfica que Reformador, de Janeiro de 1982, publicou, estampando-lhe a foto, sob o título “João dos Santos Moutinho – sua desencarnação”:

“Às 11 horas do dia 22-11-1981, regressou à espiritualidade João dos Santos Moutinho, residente em Araguari, no Triângulo Mineiro, onde militou, como espírita e médium, durante 55 anos, aproximadamente.

Nascido em Murça, Portugal, no dia 1º de novembro de 1894, ali viveu e estudou até os 18 anos. Vindo para o Brasil em 1912, residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde se consorciou. Em 1917, com D. Emília Marques Moutinho, ainda encarnada1. O casal teve 9 filhos, entre eles o Sr. João de Jesus Moutinho, Diretor da FEB.

Em 1925, tendo sido admitido como empregado da antiga Estrada de Ferro Goiás, com sede em Araguari, no interior, transferiu-se para esta cidade, onde deveria, obedecendo a programação espiritual, realizar toda a sua tarefa mediúnica, nesta existência. Nessa ocasião, sob orientação dos Espíritos Vicente de Paulo e Euripédes Barsanulfo, iniciou um período fecundo de estudo das obras de Kardec, adquiridos diretamente da FEB. Juntou-se, a seguir, a alguns companheiros dedicados à Doutrina para fundarem o Centro Espírita Caridade, onde militou por cerca de 50 anos, e mais tarde, também nos Centros Jardim de Luz e Caminho da Luz, bem como o Educandário Espírita de Araguari. Os Centros Espíritas então funcionavam ali como se constituísse uma só unidade, dividida em vária Seções. Tal era o ideal, o sentimento e a motivação de todos.

(....)

Com o passar dos anos, os companheiros de sua geração regressaram todos à Espiritualidade, deles passando a dar notícias e a ser também o porta-voz.

Tornou-se conhecido de todos – espíritas ou não pelo trabalho, respeito e dedicação à Doutrina e aos dons mediúnicos de que fora portador. Médium psicofônico, vidente, auditivo, curador, dedicou sua vida ao trabalho conscientizado, sabendo, como poucos, honrar os talentos que o Senhor lhe confiou,  tornando-se credor de outras tarefas que o porvir lhe enviar. Sua existência foi, sem dúvida, exemplo vivo de trabalho e retidão.

Sabe-se que, presentes ao desenlace, o assistiram muitos Espíritos elevados e que um punhado de companheiros o vieram esperar, com muita alegria, no pórtico da Espiritualidade.

Seu sepultamento verificou-se no dia 23-11-1981, às 10 horas, num ambiente de muita serenidade, tendo-se ouvido, na ocasião, diversas mensagens de carinho a ele dedicadas por inúmeros companheiros e amigos.

Rendemos também nossa singela homenagem, rogando ao Mestre que o abençoe e ampare em seus novos caminhos no Plano de Verdade e Luz.

1 A 26 de maio de 1982, D.Emília veio e desencarnar, em Araguari, Minas, quatro dias após o recebimento da mensagem aqui apresentada. (E.B.)

***

Esclarecimento sobre a mensagem

1 - “Querida Ondina”: Trata-se de D. Ondina Moutinho Vieira, filha, residente em Araguari (Rua Afonso Pena, 538, apto. 401, fone 241-2876).

*

2 - “Estou com a Mãe Beatriz”:

a) Beatriz: O Autor Espiritual se refere à sua progenitora, desencarnada em Portugal;

b) Alegria no reencontro: Vindo do Sr. João Moutinho de Portugal para o Brasil, aos dezoito anos de idade, em 1912, obteve até algum tempo depois, respostas de apenas duas cartas suas para a genitora.

Depois disso, suas cartas não mais foram respondidas.

Sem qualquer notícia, posteriormente, dela ou de familiares a seu respeito, ignorava, assim como e quando retornou à Espiritualidade.

E, em vista do amor profundo que sempre lhe consagrou, a falta de notícias e a saudade profunda da mãezinha passaram a constituir motivo de grande pesar, durante toda a sua existência.

Daí uma grande alegria para os que lhe sobrevivem o saber desse reencontro no Mundo Espiritual. -;

c) Mediunidade não dá privilégio a ninguém: Médium psicofônico, durante mais de cinqüenta anos, obtendo e transmitindo notícias de familiares desencarnados para encarnados, no trabalho de consolo e socorro, em que permaneceu a sua mediunidade durante todo esse tempo, jamais recebeu, para si próprio, informe da genitora desenfaixada do corpo físico, evidenciando esse fato que o médium, por ser médium, não goza de privilégio ou quaisquer regalias.

*

3 – Carísio e Joaquim Barbosa:

a) Adolpho Carlos Carísio: Nasceu em Uberaba, Minas, a 26 de março de 1908, fixando residência em Araguari, a partir de 1925,

Foi construtor e Chefe da Secção de Obras da Prefeitura Municipal de Araguari, cargo no qual se aposentou, há muitos anos.

Participou de muitas atividades de relevo social da comunidade araguarina, dentre outras, as lojas maçônicas “União Araguarina” e “Fênix 56”.

Foi, por quase oito lustros, presidente do Centro Espírita de Caridade, época em que, juntamente com os companheiros do Centro, construiu o Educandário Espírita de Araguari, obra escolar das mais exemplares, que mantém, até hoje, às expensas da Delegacia Regional do Ensino do Estado de Minas Gerais, os cursos de 1º e 2º graus, além do ensino doméstico.

Membro de numerosa família, com vários filhos e familiares militantes na Doutrina Espírita, teve o seu nome, após a desencarnação, ocorrida em Araguari, a 16 de abril de 1978, colocado, mediante lei municipal, numa das avenidas próximas ao Educandário Espírita, como preito de reconhecimento pelos serviços prestados àquela progressista cidade. -;

B) Joaquim Barbosa: Nasceu no município de Monte Carmelo, Estado de Minas Gerais, a 20 de setembro de 1901, transferindo-se para Araguari, em 1924, onde exerceu atividades ligadas ao comércio, tendo sido nomeado Coletor Estadual, em 1930, cargo que exerceu até a desencarnação.

Prestou relevantes serviços à comunidade araguarina, tendo sido diretor de várias instituições, tais como: Santa Casa de Misericórdia de Araguari; Preventório Eunice Weaver; Loja Maçônica “União Araguarina” e Centro espírita de Caridade.

Serviu a essas entidades, com devotamento e abnegação, até o último dia de sua permanência no Plano Físico.

Por seu trabalho e méritos, a Administração Municipal, por lei, deu-lhe o nome a uma das ruas de Araguari, onde desencarnou, em 24 de fevereiro de 1961.

*

4 – Urbano: Sr. Urbano Teodoro Vieira, esposo de D. Ondina, a quem nos referimos no item 1, acima.

*

5 – “Nossa querida Emília”: D. Emília Marques Rolo, viúva do Sr. João dos Santos Moutinho, e que se encontrava gravemente enferma, vindo a desencarnar, quatro dias após o recebimento da mensagem.

*

6 – “Vi o Silvano a me avisar que seguiria viagem no domingo – Silvano, filho já desencarnado há muitos anos, três dias antes, efetivamente, avisara-o da desencarnação no domingo.

Observação: Na quinta-feira que precedeu o desenlace do Sr. João, sua filha, D. Ondina, em momentos de silêncio, estando a sós com o genitor, no quarto do hospital, teve a atenção voltada para diálogo que o pai começou a manter com os desencarnados (fato costumeiro na vida do médium), ouvindo-lhe escapar da boca o seguinte:

- “... portal da morte?... Portal da Vida!...”

A filha, notando que ele estava sendo avisado por entidades espirituais de alguma coisa, levantou-se, aconchegando-se para ouvir o diálogo, quando aconteceu fato importante: de olhos fechados, não vendo que a filha se encontrava perto dele, levantou a mão direita, passando-a ao longo dos lábios, em sinal de silêncio, acrescentando:

- “... cuidado?... porque as paredes têm ouvidos?...”

E silenciou.

Conclui ela, D. Ondina, que na verdade, os espíritos avisavam-no de algo sério, mas com o cuidado necessário para não assustar a ninguém, principalmente a esposa.

7 – Nefe: Nephtaly Guimarães Naves, amigo íntimo, distinto farmacêutico e militante nas tarefas espíritas de Araguari.

*

8 – “Recebam, com Emília, com o João, o Ismael, todos os filhos e filhas, o abraço cordial do Papai agradecido.” –

a)Emília: Esposa já citada, no item 5, acima;

b)João: João de Jesus Moutinho, filho, tarefeiro do espiritismo, em Brasília, Distrito Federal;

c)Ismael: Ismael Moutinho, também filho, integrante do movimento espírita de Araguari;

d) “Todos os filhos e filhas”: Demais filhos: Rosa, Beatriz, Mozart, Odete e Eunice, todos espíritas.´

***

Encerremos, leitor amigo, este capítulo, com o belíssimo depoimento de D.Ondina, a que ela deu o título de “Espiritismo – maravilhosa Doutrina de esclarecimento e consolo”.

Ei-lo:

“Para dizer da gratidão por tudo quanto recebemos de nossa abençoada Doutrina, realmente não encontraríamos palavras”.

Mormente quando ela é assimilada pela mente, através do estudo, e pelo coração, no trabalho de socorro ao próximo.

No que concerne à desencarnação de meu progenitor, peço licença para acrescentar o que segue.

Desde criança, observávamos em nosso pai o hábito constante do estudo da Doutrina (Allan Kardec e nossos Benfeitores Espirituais, através da abençoada mediunidade de nosso querido Chico Xavier, principalmente), aliado ao trabalho constante da mediunidade e do serviço ao semelhante, o que lhe proporcionou natural serenidade, diante do fenômeno da desencarnação, legando aos filhos e amigos, até na última hora, exemplo de equilíbrio cristão.

Na semana da desencarnação, em certo instante da melhora (das crises de angina e enfartes), ele nos disse, sereno:

- Minha filha, desta vez, não voltarei mais para a casa.

E eu, com o propósito de desviar o assunto, lhe disse:

- O senhor já teve crises piores, papai, no entanto, voltou.

Mas, ele insistiu:

- Você se lembra dos casos de desencarnação, acompanhados por André Luiz, e constantes do livro Obreiros da Vida Eterna?Pois está acontecendo comigo fatos semelhantes aos citados naquela obra...

Acho oportuno, também, narrar o que aconteceu, na manhã de sua desencarnação.

Estando no quarto hospitalar, dois companheiros que o visitavam para ajudar na transmissão do passe, ainda com lucidez plena, disse a um deles:

- Valdote, da coleção da Revista Espírita de Kardec, que lhe presenteei, só lhe entreguei 6 volumes, pois estavam terminando de estudar (por mais uma vez) os outros exemplares. Procure-os com a minha velha...

E, havendo o confrade Valdote respondido que pegaria com ele mesmo, depois que saísse do hospital, ouvimos de meu pai a seguinte afirmativa:

- Não, Valdote, hoje é o dia da minha partida.

E, virando-se para meu esposo, Urbano, que estava ao lado, solicitou a este que fizesse a prece.

Era o fim daquele corpo velho e cansado, aos 87 janeiros de lutas e sacrifícios, e início de uma saudade feita de esperança, porque sabemos que a morte não significa separação para aqueles que amam.

Apesar de nossas convicções de espíritas militantes, a mensagem de nosso pai, pelo nosso Chico, constituiu para todos nós, os familiares e amigos, uma alegria indescritível.

É por isso que pedimos do fundo de nossa alma, ainda uma vez, mil bênçãos de Luz e Amor, Paz e Saúde ao coração sempre amigo e dedicado do Chico, que tem sido, ao longo de mais de meio século, junto ao sofrimento humano, o representante fiel do Cristo a enxugar lágrimas e lenir dores, consolando e esclarecendo, servindo e amando a todos.

Que Jesus a todos nos abençoe, sempre.

“Araguari (MG), 08 de novembro de 1982.”

“Deus era a única sílaba que nos escapava do Coração e da Boca.”

José Roberto Alves Pereira

Querida Maria Helena e meu caro Antoninho, ainda estou no trauma do acontecimento que não estimaríamos relembrar.

Tudo foi questão de segundos.

Observava a hesitação do motor, mas na impossibilidade de qualquer retificação, entreguei-me à força que interpretamos como sendo a Vontade de deus.

Reconheço que estamos todos submetidos a leis imbatíveis e prefiro falar do assunto do ponto de vista da religião.

Nessas horas terríveis do imprevisto negativo, a idéia de que somos filhos de uma Sabedoria Infinita e de um Infinito Amor que comandam todo o Universo, nos reconforta os corações.

Creiam que não houve tempo que se despendesse em lamentações.

Deus era a única sílaba que nos escapava do coração e da boca, atônitos que nos achávamos todos, diante do irremediável.

O grande pássaro de metal caiu arremassando-nos a todos de uma vez na liberação compulsória da experiência física.

Concentrei-me todas as minhas reservas de energia mental para não dormir ou desmaiar, entretanto, semelhante esforço não me valeu por ensejo de observação mais minuciosa do fenômeno que nos arrasava a família.

Numa fração de tempo que não pude e nem posso ainda precisar, vi-me fora do corpo, à maneira de noz quando solta do invólucro natural que a retém e, conquanto cambaleasse de espanto e sofrimento, reconheci que não estávamos a sós.

A mamãe Antonieta e a Lucy estavam amparadas por senhoras amigas, e o Robertinho, a Luciana e o Waldomiro Neto se achavam sob a assistência de enfermeiros diligentes.

Quis conhecer os benfeitores que nos estendiam socorro, mas, como se a certeza de que não nos achávamos abandonado me rematasse as resistências, entrei por minha vez num torpor de que não consigo atualizar a duração.

Mais tarde, ainda ignoro depois de quantos dias, despertei numa instituição que a princípio me forneceu a ilusão de que havíamos sido salvos do acidente doloroso, mas não se passou muito tempo, para que me visse esclarecido.

Havíamos todos deixados à moradia física, de uma só vez.

Embora me sentisse quase quebrado pelas conseqüências da queda, era obrigado a reconhecer que me via num corpo em tudo semelhante àquele que havia servido.

Seria inútil qualquer tentame de meu lado para descrever-lhes à mudança que me convulsionava a cabeça.

Entretanto, era preciso resignar-me aos acontecimentos e, mais uma vez à idéia religiosa foi à escora que me imunizou contra o desequilíbrio total.

Pouco a pouco, revi todos os nossos.

A mãezinha Antonieta recebera os primeiros socorros por parte de duas amigas que passei a conhecer, a irmã Anna Inacia de Mello e a irmã Arminda Andrade Nogueira, que fora em Franca, a esposa do Capitão Nogueira.

O papai Waldomiro estava em nosso auxílio e o dr. Ismael Alonso com outro médico, o dr. Antônio Ricardo Pinho nos submetiam a tratamento atencioso.

Monsenhor Cândido Rosa, o respeitável amigo da nossa família, nos abençoava com a sua assistência e a única revelação que lhes posso fazer é que me tornara novamente menino para chorar, vasando no pranto copioso o sofrimento da desvinculação inesperada a que fôramos conduzidos.

Maria Helena, peço-lhe calma e confiança nas forças invisíveis que aí na Terra nos reanimam e nos consolam.

Nosso grande reconforto é saber que a deixamos sob proteção do nosso prezado Betarello e sob as obrigações de viver para os filhos queridos.

Agradecemos o seu heroísmo encharcado de lágrimas quando a provação nos colheu a família e pedimos a você prossiga, em frente, na convicção de que nossos pais e nós, seus irmãos, não a esquecemos.

Somos gratos às suas orações, às suas flores, às suas referências carinhosas e aos ofícios religiosos com que você e o nosso Betarello nos recordam.

Em tudo isso, sabe que a dor é o metro de todos os nossos movimentos, entretanto não desconhecemos que a esperança brilha nessas sombras em que se nos enlutou a vida.

É um verbo inadequado para quem traz as notícias da própria sobrevivência, mas a verdade é que o luto espiritual daqueles primeiros dias que se seguiram ao desastre ainda não se desanuviou de todo, em nossos corações.

Estamos relativamente bem, mais ainda deslocados, como se procurássemos inutilmente a nossa própria moradia.

No entanto, não temos razão para queixas, porque saímos de certa parte da nossa família para associar-nos à outra parte, aquela que nos precedeu na grande transformação.

Agradeço ao Antoninho por toda a solidariedade com que nos acompanhou o transe aflitivo daquelas horas de que não mais nos esqueceremos, e estamos todos certos de que ambos continuarão a recordar-nos nas orações, que significam para nós outras cartas de estimulante amor, a fim de que nos reanimemos passando a viver, sobrevivendo acima da vida que não esperávamos deixar.

Sintam-me reconfortado e confiante.

Não há lugar para desalento e auto-piedade.

Um mundo novo se nos abre à frente e uma nova existência nos desafia.

Seguiremos ao encontro daquilo que a Sabedoria Divina nos reserva, no entanto, saibam que Deus nos criou de tal modo que o amor é um selo indelével sobre os nossos mais altos sentimentos na vida.

Onde estivermos, continuaremos a pertencer-nos uns aos outros pela afeição que nos reuniu para sempre.

Com estas idéias de união imperecível e de alegria do reencontro, subscrevo-me com carinho que lhes devo e com a esperança de falar-lhes outra vez.

Abraços do irmão sempre agradecido,

José Roberto

Paz e Refazimento

Wander Alver Azeredo

Servindo-nos de um depoimento prestado pelos pais de Wander Azeredo, residentes em Anápollis, Estado de Goiás, à Rua Cel. Batista, 216, a propósito da mensagem que dele recebera, pelo médium Xavier, ao final da reunião publica do Gruo Espírita da Prece, na noite de 12 de setembro de 1981 – “Tudo aquilo que parecia fim, representou um grande começo para seu filho” - ,nosso capítulo anterior, traçamos ligeiro escorço biográfico do Espírito comunicante, e, ao final, transcrevemos confortadora página do Benfeitor Emmanuel, qual fez a família Azeredo no impresso da mensagem destinado ao grande público.

Wander Alves Azeredo, filho do Sr. Ayrton de Pina Azeredo e de D. Maria Alves Azeredo, nasceu a 24 de abril de 1961, em Anápolis (GO), sendo o terceiro dentre os quatro filhos: Wellington, Eliane e Silvana, a caçula.

Fez o curso primário no Colégio Couto Magalhães, o ginasial, no Coleio São Francisco, e o Científico, no Colégio Pré-Universitário Einstein.

Passou o ano de 1979, nos Estados Unidos da América do Norte, mediante bolsa do Programa de Intercâmbio Estudantil do Rotary Internacional.

No início de 1980, tentou vestibular para Engenharia, em Goiânia.

Em todos os colégios por onde passou, praticou esportes, recebendo diversas medalhas, principalmente em Voley e Natação.

Participou de vários torneios goianos, sendo convidado, inclusive, pra integrar a Seleção Goiânia de Voley.

Wander era forte, alto (1,78m), de fisionomia triste, calado mas de bons sentimentos.

Não dava valor excessivo aos bens materiais, de personalidade firme, sincero e honesto; não gostava de fazer comentários desairosos contra quem quer que seja, e sempre foi muito responsável, assumindo todos os seus atos.

No dia 24 de janeiro de 1981, quando voltava da chácara de seus pais, trazendo Mônica, a namorada, que tinha ido passar o dia com a família dele, trafegando pela Avenida Mato Grosso, ao desviar de outro veículo, seu carro se desgovernou e chocou-se contra uma árvore.

No impacto, sofreu pancada violenta na cabeça e no tórax.

Encaminhado para o Hospital Evangélico Goiano, permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por nove dias, vindo a desencarnar, no dia 2 de fevereiro de 1981.

***

1 – Nossa querida Mônica: Trata-se de sua namorada, que com ele se encontrava, quando ocorreu o acidente.

*

2 – Vovó Onofra: Avó materna, desencarnada a 15 de fevereiro de 1977, em Anápolis.

*

3 – Vovô Crimildes: Avô paterno, desencarnado a 25 de janeiro de 1970, na mesma cidade goiana.

*

4 – Tio Wellington: Tio paterno, desencarnado a 8 de fevereiro e 1950, em Anápolis.

*

5 – Tia Maria: Tia paterna, desencarnada a 12 de junho de 1980, em Pirenópolis, Estado de Goiás.

*

6 – Dr. Pina Júnior: Primo desencarnado em Anápolis, a 20 de juho de 1942.

*

7 – Plínio Jaime: Amigo da família, desencarnado a 11 de novembro de 1974, na referida cidade.

*

8 – Wellington, Eliane e Silvana: Seus irmãos, residentes em Anápolis.

***

Para que possamos sair da leitura deste livro com o que há de mais enriquecedor em matéria de Espiritismo a se constituir no Consolador Prometido por Jesus, detenha-mos na belíssima página de Emmanuel, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier:

“ANTE O ALÉM

A Vida não termina

Onde a morte aparece.

Não transformes saudade

Em fel nos que se foram.

Eles seguem contigo,

Conquanto de outra forma.

Dá-lhes amor e paz,

Por muito que padeças.

Ele também te esperam,

Procurando ampara-te.

Todos estamos juntos,

Na presença de Deus.”

Fonte: Livro “Ninguém Morre”

Psicografia: Chico Xavier

Autores diversos

Digitado por Tania Tamanini

Wander

Wander Alver Azeredo

Tudo aquilo que parecia fim

representou um grande começo para seu filho

Wander Alver Azeredo

Querida Mãezinha com o papai Ayrton, receba o meu pedido de benção.

Tudo aquilo que parecia fim, representou um grande começo para o seu filho.

Cair sob o desequilíbrio de um veículo, sem que me fosse possível prever a extensão da luta na qual penetrava sem querer, foi uma calamidade, a princípio, porque um torpor invencível me dominou as energias e, por mais me propusesse ansiosamente a socorrer a nossa querida Mônica, a verdade é que uma força gigantesca me apagava qualquer impulso de resistência.

Quanto tempo gastei naquela inércia indefinível, ainda não sei dizer.

Acordei na posição de que fora conduzido a algum recanto de emergência, na cidade, no entanto, quanto via era agora estranho demais para que me supusesse num ambiente familiar.

O seu carinho compreenderá que, por muitas horas, voltei a ser o menino exigente da infância.

Queria, à força, que os meus viessem a mim, reclamava contra tudo e todos, quando uma senhora se colocou à minha frente.

Falou-me com bondade, conquanto não me visse em condições de reconhecê-la.

Ela propriamente se identificou, declarando-me ser a vovó Onofra que me desejava paz e refazimento.

Compreendi tudo, sem maiores explicações.

Acalmei-me, porque é impossível que um doente qualquer não se acomode em se vendo no colo de alguém que lhe recorda o carinho de mãe...

E Mônica? Perguntei.

Mas vieram outros amigos: o vovô Crimildes, o tio Wellington, a tia Maria, o Dr. Pina Júnior, o amigo Plínio Jaime, e outras dedicações dialogaram comigo.

E a compreensão voltou como se fazia necessária, e lamento ver a nossa querida Mônica sofrendo os remanescentes do acidente havido, mas sei que ela está sob assistência segura.

Mamãe, foi preciso revirar minhas orações do tempo de criança, a fim de reformar-me na serenidade com que devo enfrentar os acontecimentos.

Agradeço as suas preces em meu favor, e tudo o mais que a sua bondade me oferta, a fim de que me veja corajoso e contente, tanto quanto possível. Peço-lhe fortaleza de ânimo.

Os irmãos estão aí a solicitarem sua atenção.

Eles, com a nossa querida Silvana, necessitam e necessitam muita de sua presença e da presença de meu pai.

E a nossa Mônica será outra filha sua.

Mãe querida, auxilie-me a vê-la fortificada na fé.

Um longo tratamento com recordações repletas de dor é uma grande provação contínua, qual se fosse uma aflição parada por dentro da própria alma.

Confio em nossos benfeitores, cuja existência só reconheço aqui, na vida espiritual, em que ela será beneficiada com as melhoras precisas.

Mamãe querida, com meu pai Ayrton, com o Wellington, com a Eliane, com Silvana e com a nossa querida Mônica, guarde em seu íntimo toda a esperança e toda a gratidão de seu filho, sempre o seu, Wander.

Mensagem da Vovó e Mãe do Coração

Maria Tereza Lopes Maniglia

Querida Nancy,

Deus nos abençoe.

Escrevo, a pedido do Antonio, no intuito de tranqüilizá-los.

Os nossos foram devidamente amparados.

Estávamos com vários amigos, incluindo o nosso amigo Monsenhor Rosa, a fim de acolhê-los nas vizinhanças de Andradina.

Não se pode esperar deles, por agora, senão um período mais ou menos longo, para tratamento em regime de hospitalização.

José Roberto e Luci, nossa amiga Maria Antonieta e as crianças, Roberto, Luciana e Valdomiro, estão protegidos por muitos amigos.

Pedimos, Antonio e eu, a vocês todos para não se lastimarem.

Peço a você, tanto quanto aos meus filhos Antonio, Wilson, Breno e Hugo, com as minhas filhas pelo coração, se harmonizarem com a prece, nessas horas de provação, é melhor silenciar a nossa palavra na oração do que opinar sobre leis que ainda não compreendemos.

Sabemos que a morte para seis corações da família é uma dor que fere fundo, mas pedimos a todos, paciência e fé na Providência Divina.

Em minha pobreza espiritual, rogo a Jesus nos proteja a todos, e abraça-os no carinho de sempre a vovó e mãe do coração.

Paciência e Fé na Providência Divina

D. Maria Thereza Lopes Maniglia

Entrevistamos, em sua residência, à Rua General Osório, 2.155, Fone 722-7834, em Franca (SP), na tarde de 22 de janeiro de 1981, a Sra. Nancy Mara Maniglia Nascimento, casada com o Sr. Alberto Santos Nascimento, atuante fazendeiro, não somente no Estado de São Paulo, mas do Mato Grosso do Sul, sobre a senhora sua mãe – D. Maria Thereza Lopes Maniglia -, autora da “Mensagem da Vovó e Mãe do Coração”, recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, ao final da reunião pública da noite de 20 de janeiro de 1979, nosso capítulo anterior.

Por itens, estudemos a aludida páginas mediúnicas, que tanto consolo trouxe à família, abatida pela desencarnação simultânea de seis de seus elementos, num desastre aéreo, sobre o qual nos estenderemos mais, no Capítulo 20 deste volume.

1 – Nancy: D. Nancy Mara Mara Maniglia Nascimento, nossa entrevistada, filha de D. Maria Thereza.

*

2 – Antônio: Sr. Antônio Maniglia, esposo de D. Maria Thereza e pai de D. Nancy, desencarnado a 5 de janeiro de 1963.

*

3 – Monsenhor Rosa: A seu respeito, eis o que conseguimos obter, no Museu Histórico do Município (de Franca-SP) José Chiachiri 1, graças à gentileza da Senhora. Margarete de Fátima Verzola Marques da Silveira, na tarde de 28 de janeiro de 1981:

“Monsenhor Cândido Martins da Silveira Rosa, Oriundo de Jacareí, chegou à Franca no ano de 1856, tendo falecido em Dezembro de 1903, 53 anos após uma admirável vida dedicada exclusivamente à salvação das almas”.

Gênio vibrante, inquieto, tornou-se o Vigário querido da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Franca.

Lutou muito, pela religião católica, pelo ensino, pela comunidade francana.

Foi aquele sacerdote a quem todos devotavam sincera veneração.

Polemista admirável, na tribuna da imprensa, verberou os inimigos da igreja, levantou campanhas memoráveis.

Quando Dom Vital, no Norte, sofria tremendas perseguições e era cognominado “Leão do Norte”, Monsenhor Rosa (ao tempo Padre Cândido), daqui fazia a sua defesa e foi cognominado “Trovão do Sul”.

Deve-se a Monsenhor Rosa o primeiro Coleginho de meninas, dirigido por suas irmãs, D. Marcolina e D. Minervina Rosa.

A esse inolvidável padre se deve a vinda para Franca dos dois tradicionais educandários – o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, que conta atualmente com 80 anos, e o Ginásio Campagnat, naquele tempo Externato Nossa Senhora da Conceição, além de outros.

Seus restos mortais estão sepultados numa das grandes colunas da nossa Igreja Matriz N.S. da Conceição, próximo ao altar no seu lado direito, igreja essa de quem também foi o seu principal esteio.

Doou prédios e terrenos para os educandários locais, amparou ao sábio capuchinho francês Frei Germano de Annecy, que construiu em Franca o segundo relógio solar do mundo, protegeu ao jornalista César Ribeiro, que tempos atrás o combatera em seu jornal “O Nono Distrito”.

1 À pág. 6 de um almanaque, já amarelecido pelo tempo, constante da Pasta “Vultos Famosos”, sob o título “Rua Monsenhor Rosa – Sua História.”

“Foi-lhe concedido, pelo Papa Leão XIII, o título de seu camareiro secreto e foi o único sacerdote brasileiro, na época, que recebeu de D. Pedro II, que o estimava, uma comenda.”

*

4 – José Roberto: José Roberto Alves Pereira, nascido a 3 de setembro de 1945 e desencarnado a 6 de janeiro de 1979, em acidente aéreo, juntamente com sua esposa, filhos e mãe.

Genro de D. Maria Thereza, sobre quem entraremos em detalhes, no capítulo 20.

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5 – Lucy: Lucy Maniglia Alves Pereira, esposa de José Roberto, e filha de D. Maria Thereza.

Nascida a 26 de junho de 1944, e desencarnada a 6 de janeiro de 1979, juntamente com seu esposo, filhos e sogra.

*

6 – Maria Antonieta: D. Maria Antonieta Comodaro Pereira, nascida em 21 de fevereiro de 1925, e desencarnada a 6 de janeiro de 1979, em acidente aéreo, juntamente com seu filho José Roberto, sua nora Lucy e seus netos Roberto, Luciana e Waldomiro.

*

7 – Roberto, Luciana e Waldomiro: Roberto Alves Pereira; Luciana Alves Pereira e Waldomiro Alves Pereira Neto, nascidos, respectivamente, a 22 de outubro de 1968; 10 de março de 1970; e 18 de março de 1971.

Desencarnados em acidente aéreo, a 6 de janeiro de 1979, juntamente com seus pais e avó.

*

8 – Antonio, Breno e Hugo: Antonio Maniglia Júnior; Breno Maniglia e Hugo Maniglia, filhos de D. Maria Thereza, residentes em Franca, Estado de São Paulo.

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9 – Maria Thereza Lopes Maniglia: Senhora de tradicional família francana, nascida em 4 de abril de 1914, e desencarnada a 13 de abril de 1951.

***

Que Jesus, o Divino Mestre, possa abençoar todos os Espíritos mencionados na mensagem de D. Maria Thereza, encarnados e desencarnados, e o nosso prezado amigo Chico Xavier, a fim de que ele, com mais saúde possa continuar com seu mediunato, para a alegria, o reconforto e as esperanças sempre crescentes de todos nós, os seus coetâneos.

E, leitores amigos, sem perda de tempo, passemos aos dois próximos capítulos.

Documentário da Vida

Osmar de Freitas Filho

Sobre a mensagem de Osmar Freitas Filho – Osmarzinho – a que demos o título de “Nos dias de céu azul”, recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, ao final da reunião pública da noite de 27 de julho de 1979, graças à gentileza dos amigos João Batista Ramos, médium que recebe letra e música dos Espíritos, sobre quem falaremos adiante, D. Antônia Nazareth Cassimiro Ramos, Tony Willian Ramos e Sra. Clarice Pereira de Freitas, residente em Londrina, Estado do Paraná ( Avenida Paul Harris, 1.416 – Cep 86.1000 – Fone 223-3699), na noite de 3 de agosto de 1981, em Uberaba.

Muitos dados colhemos, lendo cerca de três dezenas de cartas de praticamente toda a família, inclusive algumas do próprio Osmarzinho.

Apesar disso, achamos de bom alvitre aproveitar trechos da excelente reportagem que fez Marcel Borela de Oliveira, na seção “Espiritismo”, da Folha de Londrina¹, intitulada “Uma prova de sobrevivência da alma: a morte não existe”, estampando a última doto de Osmar, colhida poucos dias antes de sua desencarnação, com o sobrinho Carlos Henrique nos braços.

Eis o que nos diz o distinto jornalista londrinense, na parte introdutória:

“ Há exatamente seis anos um veículo partia de Curitiba com destino a Londrina. Dentro dele viajavam dois moços; o que estava ao volante viria visitar seus pais e mostrar o carro novo – o primeiro veículo que ele possuíra, e ninguém desconfiava de que seria também o último. A viagem, contudo, não terminou, pois, à altura do quilômetro 61, entre Curitiba e Ponta Grossa, perto de Palmeira, o carro foi colhido por um caminhão que saiu de sua mão, inesperadamente, sem qualquer chance de desvio.

Era o dia 19 de julho de 1975, de madrugada.

O rapaz se chamava Osmar de Freitas Filho, natural de Londrina, onde nasceu dia 16.8.1953, filho de Clarice e Osmar Freitas, com residência na Avenida Paul Harris,1416. Osmar viria completar no mês seguinte 22 anos, e estava em Curitiba trabalhando numa gráfica, com vistas aos estudos superiores. Por sinal, ninguém da família sabia ainda – e ele viria a contar - que havia sido aprovado no vestibular de Veterinária.

¹ Folha de Londrina, Londrina, 19/7/81, p. 27. – D. Clarice, numa de suas viagens a Uberaba, deixou o seguinte bilhete, em nosso consultório: “Para entregar ao Dr. Elias: É o nome do rapaz espírita que é o responsável pela coluna espírita do jornal. / Obrigada, (a) Clarice. Autor: Astolfo Olegário de Oliveira Filho (Rua Fernando de Noronha, 1429 – Londrina – PR (Tel. 27-4655). / Título da coluna: “Espiritismo”. Sai aos domingos, desde o dia 30/03/80. / Jornal: “Folha de Londrina” Tiragem: 36.000 exemplares e circulação estadual, indo também aos Estados de Santa Catarina e Mato Grosso.” (E.B.)

Existe a faculdade do destino? Por que um jovem ainda tão moço partiria desta vida? Seria culpa do motorista do caminhão? Seria alguma falha humana o responsável por perda tão prematura?

Quatro anos depois, a mãe, Clarice, tomaria a decisão de ir a Uberaba para saber do médium Chico Xavier alguma notícia a respeito do filho. Era 27 de julho de 1979, e Clarice viajara em companhia de uma senhora amiga, Maria Celeste Vicente, esposa de Bernardo Vicente (Rua Bagatelli, 66, bairro do Aeroporto), que havia perdido também, em condições semelhantes, o filho Ivan Sérgio, desencarnado os dezenove anos, em 9.12.76, em acidente de avião.

Quando pôde finalmente abraçar o Chico, já dentro do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Clarice disse-lhe que Osmarzinho era o seu único filho e estava ali para saber notícias dele. Em seguida, desmaiou. Momentos depois, quando se restabeleceu da emoção, Clarice recebia do Chico informação de que o rapaz estava muito bem amparado, sob a assistência de D. Maria Gonçalves Pereira. Chico então lhe perguntou:

- Quem é Maria Gonçalves Pereira?

Clarice responde que se tratava de sua mãe, portanto, avó de Osmarzinho, desencarnada no ano de 1939.

Mais tarde, às 3h30m da madrugada de sábado, Chico Xavier transmitiria ao público diversas comunicações de parentes das pessoas presentes. Entre elas, uma comunicação toda pessoal assinada por Osmarzinho. Clarice está só, mas dona Maria Celeste Vicente – que no dia seguinte teria oportunidade idêntica, ao receber a primeira mensagem do sue filho Ivan – foi testemunha ocular dos fatos.

Uma vez transcrita a mensagem de Osmarzinho, o articulista conclui as suas observações acerca da página que tanto consolo, esperança e alegria levou a seus familiares e amigos:

“Considerações ligeiras sobre a comunicação de Osmarzinho”

O jovem refere-se aí a algumas pessoas que logo identificaremos para nossos leitores. Usa também diversas expressões que eram típicas de seu estilo. Faz, enfim, uma previsão de algo extraordinário que de fato ocorreu oito meses depois.

Pessoas citadas –

1. Célia Maria: irmã muito apegada ao Osmar, casada com Durval, e mãe, até então, de um menino. A Célia é funcionária da Caixa Econômica Federal, em Londrina.

2. Durval: cunhado de Osmar. Eram eles muito amigos.

3. Maria Cecília: irmã de Osmar, logo abaixo da Célia. Cecília é funcionária do Bradesco, Agência Centro de Londrina.

4. Geni: irmã de Osmar e muito jovem à época da morte do irmão. É a caçula da família.

5. Maria Gonçalves Pereira: avó do Osmar, desencarnada em 1939. Foi mãe de D. Clarice.

6. Augusto: cunhado de Osmar.

7. Allan: cunhado de Osmar, mas ele não conhecera em vida.

Expressões usuais – Examinando, hoje, a mensagem, declara D. Clarice que o filho colocou na mensagem diversas expressões que eram típicas dele, como, por exemplo: “Diga à nossa Célia...” – ele tinha por hábito usar a expressão desse tipo: “O pai tinha razão...!” – “Aquilo abalou o pai....” – invariavelmente ele se referia ao pai dessa maneira.

O mais notável, entretanto, é a frase colocada em seguida ao 8º parágrafo da comunicação: “Ele queria formar-me nas experiências do mundo...”

Assegura a família que esta frase consta de uma carta escrita ao pai, pouco tempo antes do acidente, exatamente na última carta dele ao pai. Entendemos que esse detalhe se destinava exatamente ao pai, como prova adicional de que a comunicação é idônea.

A previsão – Na primeira vez que menciona os nomes da irmã Célia Maria e do Durval, Osmar se refere à vinda de um filhinho “No futuro a entrelaçá-los ainda mais na vida”. Ocorre que Célia Maria não poderia ter mais filhos, segundo prescrições médicas. Seu filho Carlos nascera em 27.5.70, nove anos antes da comunicação. De lá para cá, Célia tivera quatro abortos. Ao lerem essa previsão, houve descrença, mas em outubro/79 o casal descobriu de uma nova gravidez, e dia 3 de abril de 1980, oito meses e seis dias após a mensagem, nasceria uma filha eu se chama Scheilla e que vive normalmente, com inteira saúde, confirmando a previsão espírita sobre sua chegada.

Advertências – Há recados para muita gente: 1. Aos jovens: Geralmente, a criatura jovem não percebe a força da oração e depois, ao vir a maturidade, a visão da vida é inteiramente outra. 2. A todos nós: Osmar diz estar aprendendo o valor dos minutos, enquanto aqui na Terra tantos de nós desperdiçamos tempo e oportunidade, sem nada edificar de bom. 3. Mensagem de fé: Diz ele: “Estaremos juntos”. Realmente, as famílias que se amam e se querem, reencontram-se após o término da existência física. 4. Há fatalidade? Diz ele que “ninguém julgue teria eu vindo para a Espiritualidade em tempo inoportuno”. A fatalidade no momento da morte existe; nosso tempo aqui é contado e ninguém sabe se no dia de amanhã ainda estará entre os viventes de corpo físico.”

A propósito da fatalidade, consultemos os n.os 851 a 866 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, e o Cap. 6 da obra Enxugando Lágrimas, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier².

² Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos. Enxugando Lágrimas, IDE, Araras (SP), 5ª. Edição, Agosto/1982, pp.42-44.

“Uma das coisas mais importantes” – disse-nos D. Clarice – “é que quando conversei, pela primeira vez, com Choco, eu lhe disse:

- O Osmarzinho era meu único filho, Chico!

Não falei que tinha filhas, e jamais me referi ao genro.

Só este fato e os dizeres próprios dele, a maneira toda pessoal com que ele se expressava, provam a autenticidade da mensagem.”

E nos disse mais:

a) que Osmarzinho, quando pequeno, pesar um pouco mais, tinha o apelido de “Banha”;

b) que quando ele estava com dez anos de idade, houve suspeita de tumor cerebral, mas depois de uma consulta em São Paulo e de conversar com José Arigó, foi o diagnóstico esclarecido e medicado com medicamento que veio da França;

c) que trabalhava desde os sete anos de idade, vendendo cacos de vidro, e que ao sair de casa, com quinze anos, seu objetivo era trabalhar e estudar, o que nunca deixou de fazer;

d) que ela – D. Clarice, distinta professora de Escola Rural -, e uma filha – cremos que seja D. Célia Maria de Freitas Lessi – foram a Curitiba visitar Osmarzinho, depois de que ele veio de São Murtinho, no litoral, dando-lhe muita alegria;

e) que, finalmente, vinha, quando foi acidentado e em seguida reconduzido à Vida Verdadeira, trazendo presente para todos os familiares, e para os pais, em especial, havia comprado uma TV a cores, pelas suas bodas de prata.

No Capítulo 30, voltaremos com novos informes sobre Osmarzinho, notável poeta que dos seis aos vinte e um anos de vida física, sempre escrevia belos poemas para a genitora, comemorativos da “Dia das Mães”, chegando aos doze de idade, a escrever-lhe o seguinte acróstico, gênero dos mais difícieis:

Criatura querida

Linda como os raios do Sol

Amada por seus filhos

Rindo, chorando, és bela

Isto provo, és criatura de Deus

Cantando, sonhando, sou

Eu, seu filho Osmar

Porque mesmo chorando, vejo-te a sorrir

Eu sinto orgulho de ti, mamãe

Rindo do mundo

Estando mesmo tão exausta

Idade tu não tens

Recebendo de mim

Amor, muito amor deste teu filho Osmar

Diante de Deus tu és uma rosa

Em frente a nós tu és uma Santa

Faz a todos felizes

Restando tão pouco para ti

Estou tão feliz por ser teu filho

Imenso é este amor

Também das minhas irmãs

Amar a ti é tão bom

Saudades de ti já sinto, quando longe estou....

Com Mais Coragem

Osmar de Freitas Filho

A segunda mensagem de Osmarzinho – “Mamãe, peça ao papai que via para nós” -, nosso capítulo anterior, recebida pelo médium Xavier, na noite de 19 de outubro de 1979, no Grupo Espírita da Prece, é bastante clara e fala por si mesma.

Em razão disso, vamos aproveitar este espaço para transcrever, não apenas os trecho dos dois artigos publicados na Folha de Londrina – o primeiro deles, em sua parte inicial, já citado no Capítulo 28, acima, e o segundo, sob o título “Osmarzinho, compositor”, na edição de 13 de setembro de 1981, do mesmo Autor, mas alguns passos de cartas e depoimentos de suas irmãs, da senhora sua mãe e uma frase do seu pai, além de uma canção de Osmarzinho transmitida ao inspirado João Batista Ramos, a 2 de julho de 1981.

***

Eis o que diz a Folha de Londrina, de 19/7/81, na parte final da citada reportagem:

“Segunda comunicação de Osmar, através do médium Chico Xavier”

No dia 19.10.79, D. Clarice voltou a Uberaba para levar ao Chico uma cópia da comunicação obtida em 27 de julho do mesmo ano. Vimos o original em sua casa, onde notamos a semelhança na letra, pelo menos ao assinar a comunicação. Quanto ao estilo, já comentamos algumas particularidades interessantes. D. Clarice falou com o médium, entregou-lhe a cópia prometida e, com surpresa, recebeu uma nova mensagem do Osmar. (...)

Últimas considerações sobre o episódio

Esta última mensagem, embora simples, traz várias provas de identificação espiritual. Ela demonstra ainda que os Espíritos dos “mortos” preocupam-se com os que ficam na Terra, e sentem-se felizes ou infelizes, conforme a nossa situação aqui, feliz ou infeliz. Osmar cita aí os nomes dos sobrinhos Carlos Henrique e Janaína, sendo que esta não havia nascido quando ele estava na Terra.

Mas a menção à mãe é um fato extraordinário. Mãe Luíza é a preta velha que criou Osmarzinho; foi sua babá e sua protetora, mesmo depois de moço. A mãe Clarice diz que, durante a sessão em Uberaba, ela pensou nas filhas, nos netos, no marido, mas não havia lembrado a Mãe Luíza, mulher simples, bem idosa, que Osmar, no entanto, lembraria em sua mensagem.

Como poderia o médium Chico Xavier mencionar tantos detalhes, tantos nomes, caso a comunicação não fosse um fato idêntico? Todavia, a participação do Osmar nas comunicações, a maneira como ele as transmitiu, os fatos íntimos que relembrou, tudo isso constitui prova indescritível da sua sobrevivência e do fato de que os Espíritos realmente podem comunicar-se conosco.”

*

Agora, a parte final da reportagem da Folha de Londrina, de 13/9/81:

“Osmarzinho, compositor”

Em 1975, ano em que morreu para esta vida, Osmarzinho de Freitas dedicou à sua mãe, no Dia das Mães, a seguinte quadra:

Mãe – três letras de ouro

Que encerram tanta ternura.

Mãe, vóis sois nosso tesouro

Neste vale amargura...

As peripécias da desencarnação (morte física) do jovem Osmar, ocorrida em 19 de julho daquele ano, foram relatadas nesta coluna, no último dia 19/julho, seis anos após sua partida desta vida.

Em Uberaba, onde esteve muitas vezes, sua mãe Clarice de Freitas veio a conhecer um jovem semi-analfabeto, que trabalha na zona rural e freqüenta a mesma pensão onde Clarice ficava quando em Uberaba. Em 7 de julho de 1980, esse rapaz, de nome João Batista Ramos, procurou Clarice e lhe contou que, na roça, quando trabalhava, viu o espírito de um moço que se deu a conhecer por Osmar e que o avisou da chegada de sua mãe, naqueles dias, ara quem ele gostaria de deixar uma mensagem em forma de canção. João a viu e ouviu, e à noite, gravou, acompanhando ao violão, a canção que Osmar fizera para sua mãe. Quando Clarice chegou a Uberaba, João lhe mostrou a canção, e só depois que ela ouviu e gostou muito, foi que ele relatou tais acontecimentos.

Dois meses depois, exatamente no dia 7 de setembro do ano passado, o jovem médium receberia nova canção por inspiração de Osmarzinho, e dedicada à sua mãe. Como não podemos transmitir pelo jornal a beleza da melodia, apresentamos, pelo menos a letra, cujo título é “Presente de Mamãe”:

O Vento nasce no tempo

A lua na imensidão

O mel nasce nas flores

O amor no coração.

O choro nasce nas lágrimas

A tristeza na solidão

No sorriso a ternura

A loucura na paixão...

Na distância as lembranças

Nos campos o cheiro das flores

No coração de mamãe a pureza

No silêncio a surpresa.

Em tua alegria os valores

No teu dia as homenagens

Na tua força a coragem

Na poesia meu presente

À Mamãezinha, meu amor.

(Médium: João Batista Ramos, Uberaba, em 7 de setembro de 1980).

***

Trechos de cartas e depoimentos:

1 - “Londrina, 31 de Outubro de 1973. / Querido Zinho, / Aqui, hoje, está um tempo triste, pois, chove, e o céu está escuro, e não há nem uma estrela para fazer bela a noite. /Mas, em nosso lar, várias estrelas brilham, enquanto que outras param de brilhar, vagarosamente, pois, várias coisas acontecem em todos os lares. /Papai em mamãe estão trabalhando bastante, como sempre, todos estão bem: Geni, mamãe, papai, Ia, Carlos Henrique, Durval. (...) / Beijos de todo. / Carinhosamente, Cecília. / Escreva-me

2 – “Londrina, 15 de Junho de 1975. / Oi Zinho, / Me deu a louca de escrever, não é sempre que gosto, mas a saudade faz isso. / (...) / Este provérbio é muito bonito, pense bem e leia-o com atenção, procurando chegar na mensagem que ele transmite: “Quando receberes uma pedra, não chores, aze dela um degrau e suba.” / (...) / Seja você mesmo, procurando ser generoso, amigo, honesto. Se for assim, orgulho-me de você. Se não for, dê-me sua mão e procurarei ajudá-lo, pois o amo muito. / Sua irmã / Celinha.”

3 – “Oi Zinho! / Tudo bom? / Espero que sim, e espero também que você possa, brevemente, voltar para sua casa. / Sua irmã que muito o estima, / Geni.” (Sem data).

4 – “Osmarzinho, meu querido filho. / Que Deus, Nosso Senhor, te guie, te ampare e te proteja, hoje e sempre. / Meu querido, se precisares de mais alguma coisa , telefona, sim? /O papai está bom. (...) / Nossa vida aqui é aquilo mesmo que conheces. Graças a Deus, muito melhor, porque a paz e o amor moram em nosso lar. / Osmarzinho, nós sentimos muito a tua falta. / Mas o que vamos fazer, se é para o teu bem? / Meu filho, presta bem atenção nas palavras de tua mãe: Tu és o nosso orgulho. / Que Deus te abençoe. / Filho meu, que Deus te abençoe./ Osmar.” (Sem data).

5 – “Londrina, 6-8-81. / Eu e meu irmão Osmarzinho. / Quando pequenos, eu e ele tínhamos bastante amizade, pois, somos apenas 2 anos e meio de diferença. Brincávamos muito, íamos ao Catecismo Espírita no “Nosso Lar”; eu ficava no Jardim, e ele, na Mocidade. Logo passei a ir à Mocidade, e então, íamos juntos, ele sempre muito amigo. Quando criança, me dava conselhos, tinha por nós uma grande admiração. Quando saiu de casa, ele sempre nos ligava pra conversarmos. / (...) Íamos ao Aeroporto, juntos, esperar os aviões chegarem, pois eles distribuíam os lanches que sobravam dos aviões. / (...) Adoro você, Osmarzinho. / sua irmã / Cecília.” (Depoimento)

6 – De Osmarzinho, na Inspiração de João Batista Ramos, em 2-7-81:

“obrigado, papai

Papai, o Sol veio muitas manhãs

Pra nos mostrar novo dia

Mostrar a paisagem distante

Mostrar a sua alegria

Mostrou você trabalhando

Na maior euforia...

Você é tão importante

No correr do dia-a-dia...

Você me deu a paz, a força

Para eu dizer:sou Homem

Você matou minha fome

Você me deu a mão, papai Osmar,

Você me deu carinho e emoção...

Ainda mais, papai,

Você sorriu quando me viu andar

Você me deu seu nome

Que é vibrante no ar.

Obrigado, papai, obrigado, papai,

Eu também sou

Osmar.”

***

Que Jesus, o Divino Mestre, possa abençoar o Espírito de Osmarzinho, na Espiritualidade Maior, para que, com entusiasmo e alegria continue integrando as hostes abençoadas de jovens desencarnado que estão trabalhando, de modo infatigável, no socorro direto aos jovens perturbados do Plano Físico, encarnados e desencarnados, principalmente, os que enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade, e que, em momento oportuno, volte ele – Osmarzinho – com novas mensagens mediúnicas, não mais necessitando de entrar em detalhes referentes aos seus familiares que aqui ficara, mas, trazendo esclarecimentos sobre as equipes socorristas do Mundo Espiritual, constituídas por Espíritos que deixaram o corpo físico, em plena mocidade!

Mamãe, peça ao Papai que viva por nós

Osmar de Freitas Filho

Querida Mamãe Clarice, abençoe-me.

Serei breve.

Estas páginas rápidas que me permitem escrever em companhia da vovó Maria Pereira, significam apenas que preciso ver o papai Osmar com mais coragem.

Noto-lhe o abatimento e me sinto aflito e preocupado, embora a esperança que estou aprendendo a cultivar no coração.

Mamãe, peça ao papai que viva para nós, conquanto não mais esteja no corpo físico, preciso dele para vê-los felizes.

A nossa felicidade é sempre um reflexo da felicidade daqueles que amamos.

Essa é que é a verdade.

Peço dizer à Maria Cecília, à Maria Célia e à Geni e aos irmãos que Deus nos deu na condição de genros e cunhados, os nossos caros amigos Durval, Augusto e Allan que não os esqueço e que torno o meu carinho extensivo ao queridos sobrinhos, Carlos Henrique e Janaína, como também envio nesta noite meu beijo nas mãos iluminadas da querida Mãe Luíza, que a Divina Providência situou junto de nós para nossa felicidade.

Mãezinha, Deus a recompense por toda a sua dedicação em nosso auxílio, e guarde com o papai Osmar todo o coração de seu filho.

Osmarzinho

Osmar de Freitas Filho

Nos dias de Céu Azul

Osmar de Freitas Filho

Querida mãezinha Clarice, abençoe-me.

Este é um grande momento para seu filho.

Um encontro em meio das tempestades que desabaram sobre nós.

Tempestades dos sentimentos, da vida, do relacionamento e do coração. Acompanho a sua resistência nas trincheiras da oração e da caridade, sempre buscando forças na fé em Jesus, a fim de sobreviver.

Mãe, sei tudo.

O que se abateu sobre nós, em casa, teve mais significação para mim do que a própria transformação inesperada a que me vi sujeito.

Depois da ocorrência na estrada – um fato que desejo esquecer para não mergulhar em outra noite de sofrimento -, muitas dificuldades surgiram para nossa casa.

A dor do meu pai acordou nele um homem diferente, qual se a dor o deixasse na posição de uma estátua de indiferença por fora e de muita angústia por dentro.

Papai Osmar.

Ainda o vejo robusto, chamando-me ao dever em meus quinze anos.

Ele queria formar-me nas experiências do mundo e enfibrar os meus sentimentos de rapaz para que eu me iniciasse tão cedo quanto possível no desempenho de minhas obrigações.

Era eu o menino de que o seu coração querido certamente ainda se lembra, a procurar enfrentar às pressas o trabalho e o estudo conjugados que me conduzissem à situação que ele desejava...

Mamãe, o pai tinha razão.

Ele me queria independente e firme para viver em meu próprio caminho...

Sempre dei a ele todas as razões de que se fazia credor, entretanto, não sabíamos que a morte me aguardaria tão cedo no trânsito, em que de três a três meses me voltava em pensamento e corpo na direção do lar...

Aquilo abalou o pai de tal maneira, que ele fornece a impressão de haver morrido na força da vida, continuando a viver, mas imaginando-se morto na intimidade do coração.

Mãezinha Clarice, é preciso compreender e perdoar...

Sinta-me agora em papai...

Nele sou eu agora o seu filho precisando reviver...

Não se entristeça ao vê-lo às vezes menos compreensivo ou aparentemente sem reações afetivas de qualquer natureza...

A senhora, Mamãe, que sempre foi imensamente carinhosa para nós todos, compreenda meu pai e veja nele eu mesmo a lhe pedir entendimento e auxílio...

Papai sofre, e sofre terrivelmente, porque não conseguiu um telhado de fé para se abrigar.

Entretanto, ele permanecerá conosco em nosso refúgio de oração e de paz.

A senhora não permita que o desanimo lhe tome as forças.

A roupa estragada – o corpo que usei – ficou naquela viagem de retorno à casa, mas estou vivo para continuar em nossas tarefas de conjunto.

É verdade que, de momento, ainda não sei como auxiliá-los com os recursos financeiros que tantas vezes sonhei acumular para vê-los mais felizes, mas o coração está repleto de amor e, com amor venceremos, apoiados na confiança em Deus...

Peça às irmãs que nos ajudem...

Diga à nossa Célia Maria a ao nosso Durval para confiarem na Divina Providência.

Posso tão pouco, no entanto, o que eu consiga fazer para senti-los contentes, com um filhinho no futuro a entrelaçá-los ainda mais na vida, hei de fazer de pensamento erguido a Jesus.

Enquanto a criatura desfruta um corpo muito jovem aí no mundo, é difícil entender a força da oração, mas quando tudo perdemos, com a morte inesperada, uma certa maturidade nos aparece de repente.

É por isso que sinto agora em papai Osmar um filho para mim, diante da dor que passou a esmagar-lhe o coração.

A senhora, querida Mamãe, se encoraje como sempre, recorde Maria Cecília, Geni e todos os corações que se ligam em seu caminho.

Viva para nós, abençoando-nos e amando-nos como sempre.

Creia que nas atividades de agora, buscando amparar os irmãos sofredores, no grupo de pessoas amigas que passei a integrar, tenho aprendido muito...

Tenho aprendido o valor dos minutos e a precisiodade das migalhas a que se dá tão pouca importância nos dias de céu azul!

Tenho aprendido em sua companhia quanto devo fazer para melhorar a mim mesmo, e agradeço a sua dedicação com tudo de melhor que eu tenho no íntimo de minha vida espiritual.

Estaremos juntos.

Diga ao papai que ele não me perdeu, e sim que fui renovado para colaborar com ele em novo modo de ser.

Peço que recebam o companheiro e amigo que escapou ao desastre, qual se fosse eu mesmo...

Ninguém julgue teria eu vindo para a Espiritualidade em tempo inoportuno.

As tabelas da Lei Divina não sofrem erro algum e por esse documentário da vida que todos somos compelidos a estender na existência do corpo ou fora dele, a minha liberação do corpo físico devia se efetuar qual se realizou.

Obedecemos a Deus e aceitemos a nossa parte na vida conforme as nossas necessidades.

Mãezinha Clarice, agradeça por mim a todos os corações queridos que me lembraram nas preces.

Minha querida avó Maria Pereira ou Maria Gonçalves Pereira tem sido para mim outra mãe, fazendo-me sentir que para ela sou a continuação do caminho que consagra à senhora mesma.

Saudades são nossas, mas as esperanças agora superam nossas dores.

Teremos fé em dias melhores e saberemos que Deus jamais nos abandona.

Querida Mãezinha Clarice, perdoe-me se escrevi extravasando o coração, não poderia fazê-lo de outra forma porque a sua compreensão e o seu carinho sempre foram o meu abrigo, o santo esconderijo em que recobrava minhas forças para atender aos encargos que abracei.

Para as irmãs queridas, para o Durval, Augusto e Allan, companheiros e irmãos do coração, as minhas lembranças; para meu pai a vida que anseio instilar-lhe ao espírito sofrido, e para o seu devotamento, querida Mamãe Clarice, todo o amor e toda a confiança do filho que é sempre seu e que seja Jesus por nossa paz e felicidade.

Sempre o seu menino e sua esperança, seu ânimo de viver e seu apoio de todos os instantes que, em tudo isso, encontrou em sua bondade e em sua abençoada vida, todo o apoio e esperança, todo o ânimo e todo o amor de que disponho para continuar a viver no cumprimento dos desígnios de Deus.

Sempre o seu filho, sempre seu,

Osmar

Osmar de Freitas Filho

Calma e Coragem

Fátima Solange de Assis Campos

Das oito mensagens - cinco delas, praticamente bilhetes - , que o Espírito de Fátima Solange de Assis Campos transmitiu, por intermédio de Chico Xavier, aos pais, por motivo de espaço, selecionamos apenas duas - a primeira e a sétima, recebidas, respectivamente, a 15 de dezembro de 1978 e 17 de abril de 1981 - para este volume.

Ante do sumário de nossa Autora Espiritual, transcrevemos os principais tópicos da seguinte carta, que recebemos de sua genitora:

“São Paulo, 2 de maio de 1980.

Prezado Dr. Elias Barbosa,

Muita saúde e paz em seu lar.

Recentemente, tomei conhecimento, pelo Dr. Hércio Marcos Cintra Arantes, que o nosso estimado Chico Xavier lhe comunicou que a mensagem de minha amada filha Fátima Solange será incorporada em um livro organizado pelo senhor. Fiquei muito feliz.

O Dr. Hércio, já havia recolhido os dados da mensagem, e me avisou que lhe enviará todo o material, inclusive o xerox de cada pagina original da referida mensagem, e a foto de Fátima Solange.

Envio-lhe, também, em anexo, um exemplar da Folha Espírita, que possui mas dados sobre minha filha.

Se o senhor precisar de mim para mais alguns detalhes, é só escrever-me.

Submeti-me a cinco cirurgias no braço, em conseqüência do acidente que nos vitimou, levando nossa filha para o plano Espiritual. Por isso, estou lhe escrevendo a máquina. Continuo com o gesso no braço direito. Peço-lhe desculpas pelos erros, uma vez que escrevo apenas com um dedo da mão esquerda.

(...)

Quando esta carta chegar aí, me comunique, por favor, pois preciso saber se chegou tudo direitinho. Vou-lhe dar o endereço para que o senhor se comunique comigo: Rua João Moura, 501, apartamento 74, Bairro Pinheiros, São Paulo (SP), CEP 05412. O endereço que o Dr. Hércio tem é outro. Como estou para me mudar, lhe envio o de minha mãe, pois passo o dia todo lá, só indo para casa para dormir, já que não posso movimentar muito o braço. Se o senhor achar conveniente, pode colocar este endereço no livro.

Se pudesse, ficaria escrevendo sobre minha filha a noite toda, mas sei que o senhor tem muitos afazeres.

Não se esqueça de me avisar, por gentileza, quando o livro sair.

Deus lhe pague por tudo, e que nosso Pai Poderoso dê muita saúde ao senhor e aos seus familiares, abençoando, também, o nosso querido Chico Xavier, pois, através dessas mensagens mediúnicas, nesses maravilhosos livros, é que consegui chegar até Uberaba e ter a felicidade de receber as mensagens de minha amada filha Fátima Solange.

Mais uma vez, Dr. Elias, me desculpe, mas estou tão feliz e orgulhosa de saber que a mensagem de Fátima vai sair em um livro para poder consolar tantas mãezinhas que viram seus filhos partirem para a Espiritualidade. Em todos esses livros, notei que existem mais mensagens de rapazes do que de moças; como eu tinha perdido1 uma filha, procurava os capítulos assinados por moças, mas, coisa curiosa, mesmo lendo as páginas dos moços, parecia que eram de minha filha para mim.

Fátima partiu na idade mais linda de uma jovem - faltavam cinco meses para completar quinze anos.

Sei que existem muitas mães que viram seus filhos partirem, e todas elas estão vibrando para ver a Fátima em um livro, dando suas mensagens de amor e esperança.

Estou começando a ser feliz novamente, pois sei que minha filha é feliz no Mundo Maior, e isso me conforta muito. Tenho a missão de continuar criando o filho que Deus me deixou na Terra - Marcelo -, hoje com treze anos de idade, e muito querido e sempre lembrado pela nossa amada Fátima.

Se o senhor se encontrar com o querido Chico, agradeça-lhe por mim, e queira dizer-lhe que estou orando muito pela saúde dele.

Fraternalmente,

(a) Maria José F. de Assis Campos”.

Sumário biográfico: Fátima Solange nasceu em São Paulo, Capital, no dia 1° de julho de 1963, e desencarnou a 4 de fevereiro de 1978, quando a família (seus pais, ela e Marcelo, seu irmão, na época com onze de idade) se dirigia para Atibaia, Estado de São Paulo, num sábado de Carnaval, no início da Rodovia Fernão Dias, perto de Guarulhos (SP).

“Foi um acidente de automóvel, onde um Gálaxie atravessou a pista e se precipitou sobre nós”, segundo sua mãezinha.

O casal foi hospitalizado; Marcelo foi o único que não se machucou, e Fátima Solange chegou ao Hospital, já sem vida.

Fátima foi sempre motivo de alegria para os seus pais, Sr. Máximo de Assis Campos Netto e Sra. Maria José Falleiros de Assis Campos.

No ano em que desencarnou, iria ela iniciar o seu curso na 8ª. Série, no Colégio Stella Maris, de Irmãs, e depois se transferiu para o Colégio Estadual de 1.º Grau Godofredo Furtado.

Segundo nos informa Paulo Rossi Severino2, Fátima pretendia ser médica - pediatra. Gostava de natação, bailes, decoração, pintura, e tocava violão.

Sempre foi amorosa, mas uns três meses antes da desencarnação, parecia inquieta, muito agitada, com atitudes repentinas, que foram se transformando numa tristeza enorme dentro de seu íntimo.

Finalmente, num dia de bulício carnavalesco, veio a defrontar-se com a morte do corpo físico que, a seu ver, “teve o aspecto de uma execução”.

Estudo comprobatório do capítulo anterior:

1 – Vovô Ruben: Trata-se do Sr. Ruben Lavoisier, avô materno de Fátima, desencarnado a 19 de junho de 1973.

Um detalhe importante dado por D. Maria José: o Sr. Ruben era espírita.

2 – Vovó Brasilina: Sra. Brasilina Bernardo Arenzano, bisavó materna, desencarnada a 7 de maio de 1968.

3 – “Sonhava com a realidade para depois reconhecer que a realidade não era sonho”.

Passo digno de um altíssimo poeta, residente na Espiritualidade Superior.

4 – “Sentia-lhe o corpo ferido em meu corpo diferente e as dificuldades de meu pai Máximo, a fim de se desvencilhar das dores que adquirira.”

Os pais de Fátima ficaram, realmente, muito feridos; D. Maria sofreu várias fraturas, uma séria no braço, como vimos acima, que foi motivo de várias intervenções cirúrgicas, e o Sr. Máximo sofreu perfuração de pulmão, deslocamento do fêmur, fraturas no braço, e gritou muito, segundo conseguimos apurar.

5 – “Mãezinha, retome as suas atividades e esteja certa de que seguimos juntas.”

Conforme nos informou D. Maria José, depois da desencarnação de Fátima, ela só ia ao Hospital das Clínicas para o seu tratamento ortopédico, e ao cemitério.

Antes, visitava amigos, freqüentava o Clube com os filhos, fazia crochê, tricô e bordados.

6 – “Mãezinha, às vezes, o pranto vem como nascente do coração para os olhos e a pessoa chora efetivamente com as lágrimas nas dimensões do sofrimento que nos atinge, mas há consolações ocultas que nos reanimam.”

Sua genitora nos contou que, diversas vezes, desesperada, pegava a foto da filha e pedia, em pensamento, ajuda, tentando obter, de alguma forma, consolação, que chegou, afinal, com a primeira mensagem e as demais que vieram, posteriormente. Para a sua felicidade.

7 – “Querida Mãezinha, peço ao seu coração amigo, como rogo ao meu pai, para que não culpem a ninguém.”

Apesar da grande mágoa da família, D. Maria José, na época da entrevista concedida ao nosso confrade Dr. Hércio Arantes, disse que pretendia atender ao apelo da jovem desencarnada, não recorrendo a advogados.

Para Fátima Solange o assunto era muito importante, porque, nos cinco parágrafos seguintes, volta ela, de modo bastante claro, a bater na mesma tecla.

8 – “Vovó Brasilina e meus avós Ruben e Máximo me auxiliam em todos os meus apuros na adaptação à vida nova.”

Sobre o Sr. Ruben e D. Brasilina, consultemos, respectivamente, os itens 1 e 2, acima.

Quanto ao vovô Máximo, trata-se do Sr. Máximo de Assis Campos, avô paterno, desencarnado em 1928.

9 – Fátima Solange Assis Campos: Quanto à letra de Fátima Solange, ao escrever seu nome no término da mensagem, ao invés de assinar Fátima Solange de Assis Campos, fê-lo sem a preposição que dá ao nome, como sabemos, um cunho aristocrático.

Sua genitora, tentando uma comparação, colocou duas assinaturas da filha, quando ainda na Terra, ao lado da sua assinatura depois da desencarnação, como podemos constatar nos fac-símiles que tivemos o prazer de ofertar aos leitores, e fez as seguintes considerações, numa carta endereçada ao Dr. Hércio Marcos Cintra Arantes:

“Coloquei as duas assinaturas de minha filha para o senhor comprovar.

O Assis Campos é perfeito de quando ela estava na 5ª. Série, e o Fátima Solange é do ano de 1977.

Coloquei as que eu achei mais semelhantes, porque ela mudava muito a letra, cada vez assinava de um modo, porque gostava de escrever muito em letra de forma.”

Para concluir este já extenso capítulo, transcrevamos os quatro recados que vieram através do lápis do médium Xavier, nas seguintes datas:08/09/78; 13/10/78; 19/01/79 e 16/02/79, todos com os seguintes dizeres na parte superior da lauda de papel: “Maria José de Assis Campos 36 anos – Presente – Pede notícias de sua filha desencarnada: Fátima Solange de Assis Campos – Faleceu: 4-2-78.”

Importante considerar: a) que por ocasião da terceira visita ao Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, a família da Fátima Solange, ao invés de um recado, recebeu dela a tão esperada mensagem, na noite de 15 de dezembro de 1978; b) nos dois últimos recados, à frente do nome de D. Maria José de Assis Campos estava escrito: 37 anos.

Eis os recados, que promanaram da Vida Maior:

“Jesus nos abençoe.

A filha querida se encontra sob a assistência de abnegados Benfeitores da Vida Maior em seu necessário refazimento de forças.

Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.”

“Filha, Jesus nos abençoe.

A filha querida foi recebida pelo avô Ruben que se encontra presente, pedindo-lhe tranqüilidade e fé viva em Deus, na travessia das provas redentoras da Terra.

Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.”

“Filha, Jesus nos abençoe.

A filha querida está presente e agradece o carinho de suas lembranças, prometendo escrever logo que surja uma oportunidade mais favorável à expansão de seus sentimentos filiais.

Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.”

“Filha, Jesus nos abençoe.

A querida filhinha está presente e lhe comunica ao carinho maternal que vem trabalhando carinhosamente em favor de seu fortalecimento e em auxílio aos familiares queridos outros que lhe vivem na lembrança e no coração.

Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.”

1 Aparentemente. (E.B.)

2 Paulo Rossi Severino, “Fátima escreve do Além: Pede à Mãe que a abençoe e manda um beijo iluminado de lágrima”, Folha Espírita, São Paulo, Julho de 1979, Ano VI, N.º 64.

“Não se deixe abater pela Tristeza ou pela Inconformação”

Fátima Solange de Assis Campos

Querida Mãezinha e querido Papai Máximo, eu sei que vieram até aqui, sequiosos de reencontro.

E trouxeram o nosso Marcelo e o nosso André, corações queridos que Deus nos concedeu para a jornada do dia-a-dia.

Pais queridos, desejo esclarecer que ainda não pude me habituar com a idéia de descanso.

Venho até aqui com a vovó Sergina e com a vovó Brasilina, que se converteram em minhas abençoadas protetoras na adaptação a que me vejo compelida para acolher a vida espiritual na condição de experiência continuada, de modo a prosseguirmos com os nossos aprendizados do Plano Físico.

Sei que os entes amados choram por nós e que algumas vezes se imobilizam na saudade, o que realmente não desejo nos aconteça.

Felizmente, a Mamãe, depois das várias intervenções, vai chegando ao ponto do reajuste total, e peço-lhes consolação e refazimento.

Pai querido, peço-lhe!

Não se deixe abater pela tristeza ou pela inconformação.

Em todo este tempo, no qual dou a idéia de uma filha ausente, ocupo-me em colaborar com os nossos benfeitores para que os pais queridos se refaçam.

Sabemos que os médicos do mundo são nossos benfeitores sem serem nossos enfermeiros.

A assistência na restauração de ambos, após o incidente de que extraímos tantos ensinamentos, tem estado quase que sob a minha responsabilidade integral, e rendo graças a Deus, porque o processo de renovação obteve o êxito justo.

Em qualquer dificuldade, lembre-se de que estou Viva, a fim de servi-los alegremente.

Rogo-lhes não fixarem nas imagens derradeiras do corpo que deixei aí, à maneira de vestimenta estragada.

Isso me assusta, além de complicar-me no serviço que estou realizando.

Ainda mesmo ao nosso Marcelo faço a mesma solicitação, porquanto esquecer essas fases tumultuosas da desencarnação, é favorecer a criação de Vida Nova em nós mesmos.

Tomo-lhes as parcelas de tempo, unicamente, para solicitar-lhes a desvinculação dos quadros tristes em que me vi.

Recordem-me estudando, conversando com alegria e preservando as minhas ocasiões de aprender, e me farão o mais belo brinde com que talvez desejassem marcar esta hora.

Mãezinha, o nosso André Luiz é um amigo que voltou, mas não se trata da irmãzinha em nova moldura.

E peço a Jesus possa ele ser para nós todos, em casa, um verdadeiro amigo.

O Senhor nos auxiliará para que assim seja.

Agora, me despeço, cumprimentando a Mãezinha pelas melhoras positivas com que se vai reencontrando para servir cada vez mais, deixo a meu pai e aos meus irmãos o coração reconhecido.

Mãezinha, receba muitos beijos da filha sempre reconhecida,

Fátima Solange

Fátima Solange de Assis Campos

A respeito da mensagem de Fátima Solange de Assis Campos – “Não se deixe abater pela tristeza ou pela inconformação” _, a sétima psicografia pelo médium Xavier, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 14 de abril de 1981, pretendíamos transcrever, na íntegra, uma carta de D. Maria José F. de Assis Campos, datada de 31 de julho de 1982, e que nos chegou às mãos a 10 de agosto, complementando dados que nos forneceu em rápida entrevista que lhe fizemos, em Uberaba, na noite de 2 de julho.

Entretanto, optamos pelo estudo através dos itens, na certeza de que facilitará – e muito! – a compreensão da belíssima página mediúnica.

E é o que faremos, em seguida.

1 – “Querida Mãezinha e querido Papai Máximo, eu sei que vieram até aqui, sequiosos de reencontro.

E trouxeram o nosso Marcelo e o nosso André, corações queridos que Deus nos concedeu para a jornada do dia-a-dia.”

Eis o que nos disse D. Maria José, na carta acima citada:

“Logo que cheguei ao lado do Chico, ele me disse que a Fátima estava presente e lhe dizia que o pai e os irmãos estavam em Uberaba. Meu marido em meu filho Marcelo estavam no hotel, e eu e o André Luiz conseguimos entrar.

Aí está mais uma prova do Mundo Espiritual, pois o Chico não sabia da presença de meu esposo em filhos, uma vez que sempre vou sozinha àquela hospitaleira cidade triangulina.”

2 – Vovó Sergina: Sra. Sergina, bisavó paterna de Fátima, desencarnada em maio de 1962.

3 – Vovó Brasilina: Consultemos o item 2 do Cap. 12, acima.

4 – “Felizmente, a Mamãe, depois das várias intervenções, vai chegando ao ponto do reajuste total, e peço-lhes consolação e refazimento.”

Essas “várias intervenções” a que Fátima se refere, foram as tantas cirurgias no braço, que D. Maria José teve que suportar, problema causado pelo acidente.

Nas mensagens anteriores a esta, Fátima também escreve na expectativa de ver a mãezinha restaurada.

5 – “Em todo este tempo, no qual dou a idéia de uma filha ausente, ocupo-me em colaborar com os nossos benfeitores para que os pais queridos se refaçam.”

Sua genitora nos lembra que, na primeira mensagem, Fátima Solange diz que nada tem ainda de bom par oferecer-lhes, mas que com o tempo, ela alcançaria a segurança necessária de modo a ser útil aos pais queridos, e nesta 7ª. Mensagem, ela escreve dizendo que já está ajudando-os, e que qualquer dificuldade, possam lembrar-se que ela está viva para os servir, alegremente.

6 – “Rogo-lhes não fixarem nas imagens derradeiras do corpo que já deixei aí, à maneira de vestimenta estragada.”

D. Maria José e seu esposo não viram a filha morta, já que estavam hospitalizados, e só mais tarde é que souberam de sua desencarnação, porém, Marcelo a viu.

Sua mãe nos conta:

“O importante é que eu estava imaginado muito o seu corpo estragado, pois uma amiga havia feito exumação de sua filha, e me disse que nada restara dela, e isso me impressionou muito, e fiquei imaginando como estava a minha filha, e ela captou meu pensamento e me mandou o recado através do Chico.”

7 – “Mãezinha, o nosso André Luiz é um amigo que voltou, mas não se trata da irmãzinha em nova moldura.”

D. Maria José chegou a pensar e até comentar com o seu esposo, Sr. Máximo, e com alguns amigos, que o André talvez fosse a reencarnação de uma filha sua – Débora - , que viveu na Terra, somente nove dias.

Nesta mensagem, Fátima Solange vem desfazer esta dúvida de sua querida mãe, explicando que André Luiz é um amigo em retorno.

Eis um assunto importantíssimo, em boa hora ventilado pelo Espírito comunicante, sobre o qual pedimos vênia ao leitor para tecer alguns comentários.

Em muitas situações, os pais, contrariando os princípios doutrinários do Espiritismo, à cata de informações sobre quem seria o Espírito programado para reencarnar em sua casa, ouvem de médiuns pouco escrupulosos, que se deixam envolver por Espíritos enganadores, relatórios disparatados, que perturbarão, sem dúvida e gravemente, a educação da entidade reencarnante.

O próprio médium Xavier, já nos idos de 1959, quando se transferiu para Uberaba, contou-nos a respeito de um rapaz que fora criado como se fosse um Espírito de parente querido reencarnado, dentro da maior liberalidade, e que se transformou, a partir da adolescência, em verdadeira personalidade psicopática, dando mostras de ser Espírito pouco evoluído moralmente, e perseguido por maltas de obsessores cruéis.

De outras vezes, fazem-se revelações de que uma determinada avó irá nascer na casa de um neto ou bisneto. Com o correr do tempo, sem receber, de vez em quanto, umas boas palmadas com amor, transforma-se em criatura antipática, digna de lástima sob todos os aspectos.

Os casos semelhantes ao citado por Fátima Solange, existem às dezenas, e isto, por certo, não proporciona qualquer ajuda à criatura que retorna à arena física, para a grande caminhada em direção à Vida Mais Alta.

De uma coisa precisamos estar convictos: Espírito de Luz não costuma fazer revelações dessa natureza.

Quando isso ocorre, das duas uma: ou se trata de Espírito obsessor, ou de Espírito familiar, com evolução espiritual semelhante ou inferior à nossa.

Jamais busquemos saber quem foram nossos filhos.

Afinal de contas, o esquecimento do passado é uma bênção de Deus, como nos demonstrou, a contento, Allan Kardec.

Ante tantas evidências sobre a imortalidade, roguemos a Jesus abençoe o Espírito de Fátima Solange, para ela prossiga na Seara do Bem, hoje e sempre.